O documento encontrado pela PF (Polícia Federal) na casa do general Mário Fernandes, em 9 de novembro de 2022, traz detalhes sobre as armas que seriam usadas para matar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; o vice-presidente, Geraldo Alckmin; e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Segundo relatório da PF, o documento apontava que poderiam ser usadas armas de alto calibre na ação. “Na sequência, a lista com o arsenal previsto revela o alto poderio bélico que estava programado para ser utilizado na ação.
De acordo com a intituição, “as pistolas e os fuzis em questão são comumente utilizados por policiais e militares, inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados”.
“Chama atenção, sobretudo, o armamento coletivo previsto, sendo: uma metralhadora, uma lança-granada 40 mm e um lança-rojão AT4″, lista a PF.
São armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate, conforme a Polícia Federal.
“A primeira, M249, é uma metralhadora leve altamente eficaz, projetada para fornecer suporte de fogo em combate. A combinação de leveza, taxa de disparo e capacidade de alimentação a torna uma arma estimada em diversas situações táticas. A segunda é uma arma projetada para disparar granadas de fragmentação ou munições especiais de 40mm que fornece capacidade de fogo indireto e versatilidade em termos de tipos de munição”, cita.
Seis pessoas e possibilidade de morte no grupo
O documento também indicava que o plano para matar as autoridades usaria seis pessoas em Brasília/DF. A “análise de riscos” e “impactos da ação” consideravam ocorrência de “baixas aceitáveis”.
“O quarto tópico do planejamento descreve os riscos e impactos da ação. Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto”, aponta o relatório da PF.
Tópico encontrado no documento do general Mário Fernandes, intitulado de “Danos colaterais passiveis e aceitáveis”, mostra que eles esperavam mortes de todos os lados.
“Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de ‘neutralizar’ o denominado ‘centro de gravidade’, que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, diz o relatório.
Entenda a operação
O plano para assassinar Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin foi encontrado pela PF (Polícia Federal) na casa do general do Exército Mario Fernandes, ex-assessor do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, e ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Mais cedo, a corporação realizou uma operação para desarticular uma organização criminosa autora de tentativa de golpe de Estado e de restrição do Poder Judiciário.
Os militares presos na operação são: tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, general Mario Fernandes, tenente-coronel Hélio Ferreira Lima e o policial federal Wladimir Matos Soares.