Medidas fiscais podem induzir o crescimento econômico, aponta ata do Copom

Documento também aponta que expectativas de inflação pode prolongar aperto nos juros

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O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. Além disso, os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho.

A análise consta da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ao avaliar que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes. Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo.

“A inflação cheia e as medidas subjacentes se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes. As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,6% e 4,0%, respectivamente”, diz o documento.

Conforme o documento, uma redução no ritmo de crescimento dos gastos públicos, principalmente de “forma mais estrutural” pode ser um indutor do crescimento econômico da economia brasileira no médio prazo.

DINAMISMO

O Comitê avalia que a atividade econômica e o mercado de trabalho domésticos seguem dinâmicos. No período mais recente, alguns indicadores apresentaram sinais incipientes de moderação, como indicadores de comércio e de rendimentos, sem que se possa concluir tratar-se de uma inflexão no mercado de trabalho ou no ritmo de crescimento.

“O Comitê seguirá acompanhando atentamente a dinâmica de atividade, uma vez que o ritmo dinâmico de crescimento da atividade, em contexto de hiato avaliado positivo, torna mais desafiador o processo de convergência da inflação à meta. A conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito às famílias segue indicando um suporte ao consumo e consequentemente à demanda agregada. Em síntese, não se observa alteração relevante no cenário de crescimento prospectivo em relação à reunião anterior”, aponta o Copom em sua ata divulgada nesta terça-feira.

O documento aponta que o cenário de curto prazo para a inflação se mostra mais desafiador. Houve uma reavaliação dos preços de alimentos por diversos fatores, dentre eles a estiagem observada ao longo do ano. “De fato, tem-se observado uma interrupção no processo desinflacionário, refletindo a redução de força dos diversos fatores que vinham contribuindo para a desinflação. Novamente, enfatizou-se que o mercado de trabalho, o hiato do produto e as expectativas de inflação assumem papel muito relevante para a dinâmica desinflacionária de médio prazo”.

Conforme o Copom, a inflação corrente, medida pelo índice cheio ou por diferentes medidas de núcleo, em níveis acima da meta, o dinamismo da atividade econômica, o hiato positivo, as expectativas desancoradas e a depreciação recente do câmbio tornam a convergência da inflação à meta mais desafiadora.