Mercado demonstra ansiedade com resultado das eleições nos EUA

Período também inclui a super semana com reunião do FED por redução da taxa de juros

Crédito: Freepik

É grande a ansiedade dos analistas do mercado pelo resultado da eleição presidencial dos Estados Unidos. Isto porque a possibilidade de vitória do republicano Donald Trump já provocou ajustes relevantes nos preços dos ativos financeiros ao redor do globo, enquanto se a vitória for da candidata democrata Kamala Harris, é possível que a volatilidade seja grande nos mercados globais.

Por ser uma disputa polarizada com uma apuração lenta, o vencedor deve ser conhecido apenas nos dias seguintes. O pleito ocorre em uma semana carregada de indicadores econômicos relevantes na agenda. O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) realiza a penúltima reunião de política monetária de 2024 excepcionalmente na quarta e quinta-feira devido à eleição.

A divulgação da nova taxa de juros será às 16h do segundo dia do encontro, com a tradicional entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, sendo realizada meia hora depois. Um dia antes, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil terá divulgado a nova taxa Selic.

EUA

Conforme o analista da plataforma Investing.com, Leandro Manzoni, a atual corrida para a Casa Branca é excepcional em relação às anteriores devido às plataformas eleitorais dos candidatos, embora as consequências econômicas de cada uma delas possam levar a um mesmo resultado: aumento do déficit fiscal e continuação da trajetória altista da dívida pública americana, limitando a capacidade do Fed de reduzir a taxa de juros e fortalecendo o dólar.

O republicano Donald Trump busca retornar à Casa Branca com a promessa de taxação de bens importados- com tarifas mais agressivas contra os produtos chineses – redução de impostos corporativos e uma posição favorável às criptomoedas e setores tradicionais da economia, como o petrolífero. A democrata Kamala Harris representa a continuidade do mandato atual de Joe Biden com gastos públicos elevados, especialmente para o desenvolvimento da nova economia visando a transição energética e de políticas sociais, além da possibilidade de elevação de impostos corporativos.

“O momento atual da disputa é favorável ao ex-presidente. Trump é favorito nas casas de apostas. No entanto, as pesquisas apontam um empate e impossibilidade de apontar um vencedor. O momento do republicano é também favorável nas pesquisas, diminuindo a vantagem de Harris. A vice-presidente está em primeiro lugar nas pesquisas nacionais, mas em desvantagem na maioria dos Estados pêndulos e decisivos da eleição, embora tenha apresentado uma recuperação em Michigan e na Pensilvânia na última pesquisa CNN”, diz Manzoni. Além da eleição presidencial, haverá as eleições legislativas para a Câmara dos Representantes e ao Senado.

O ambiente de incerteza não deve atrapalhar o movimento do Fed de cortar a taxa de juros em 25 pontos-base na reunião de quinta-feira,7. O banco central dos EUA vai diminuir o ritmo de flexibilidade em relação à reunião de setembro, quando cortou em meio ponto percentual. “É importante mencionar que as consequências das eleições à política monetária são em relação à velocidade dos cortes atuais e à taxa terminal. Uma vitória de Trump sendo um pé no freio do ritmo de cortes e uma taxa terminal maior do que o esperado, enquanto uma eventual administração Harris levaria a cortes de 25 pontos-base ao longo de 2025 para chegar a uma taxa terminal próximo a 3% daqui a um ano”, comenta Manzoni.