Governo do RS lança plano econômico para tentar aumentar o PIB

Meta é crescer até 3% em seis anos e apostar em setores estratégicos

Foto: Maurício Tonetto/Secom/Divulgação

Com uma média de crescimento de 1,6% ao ano (entre 2002 e 2021), o Rio Grande do Sul projeta atingir taxa de até 3% do PIB até 2030, a partir da implementação do Plano de Desenvolvimento Econômico Inclusivo e Sustentável, apresentado nesta quarta-feira, em Porto Alegre. Parte da estratégia é criar uma agência, que deve direcionar investimentos e ajudar empresários a vender seus produtos fora do Estado. Com isso, o governo vê possibilidade de atingir uma variação de 21% do PIB per capita em seis anos, cerca de 13,4 mil dólares.

“É importante crescer de forma sustentada, sem idas e vindas. Isso significa ter que blindar nossa economia, entre outros pontos, no agronegócio, por causa dos frequentes períodos de estiagem. Implica também viabilizar que este crescimento de PIB seja distribuído per capita e com um aumento de produtividade para o Estado”, observou o governador Eduardo Leite, durante a apresentação do plano.

Ao todo, o projeto está dividido em três eixos. O primeiro é o de diagnóstico da estrutura socioeconômica. Já o segundo está relacionado ao desenho e modelo operacional do serviço social autônomo de política de desenvolvimento. Ambos eixos já foram desenvolvidos. O último é direcionado à implementação. Como prioridades estratégicas estão ações de capital humano, ambiente de negócios, inovação, infraestrutura e recursos naturais.

O governo reconhece que não tem conseguido entregar resultado e atribui isso a vários motivos, incluindo o cenário demográfico. Segundo os últimos levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do RS deve começar a diminuir a partir de 2027, o que impacta na oferta de mão de obra. Outro motivo observado é a dependência econômica do fator climático. O Estado é o que mais sofre com eventos no Brasil. “Toda vez que tem estiagem, a economia vai para trás”, afirmou Sérgio Canova Júnior, sócio da McKinsey & Company, responsável pela metodologia do plano.

Para identificar os desafios e formular as ferramentas para alcançar o objetivo de crescimento, foram ouvidas cerca de 500 pessoas do setor público e privado. Entre as estratégias, está aumentar o valor agregado, reter a mão de obra e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade. Ou seja, fazer mais com menos recursos humanos. “A nossa produtividade é pior do que há 20 anos”, disse Canova.

Outro entrave que precisa ser superado é a infraestrutura para apoiar as iniciativas direcionadas para setores divididos em áreas de sustentação, ascensão e inovação. Para chegar nesses segmentos, foram consideradas as vantagens competitivas e a existência de demanda. A partir daí, a equipe responsável pelo plano elencou 75 projetos com valor total de R$ 47 bilhões que devem ser priorizados.

Os setores que foram considerados como de sustentação da economia gaúcha são agropecuária, silvicultura, papel e celulose, biodiesel, fertilizantes e cadeia petroquímica. Como de ascensão, entram os segmentos de máquinas e equipamentos, setor automotivo e cadeia, máquinas agrícolas e serviços, incluindo turismo e comunicação. Já as áreas de inovação que estão em foco são hidrogênio verde, produtos e serviços digitais, semicondutores e veículos elétricos.

Criação de agência

A Agência de Desenvolvimento Invest RS entrará em operação em 2025, sob o comando do ex-diretor do Tecnopuc Rafael Priklandnicki. A criação representa o fortalecimento de uma agenda estratégica integrada entre Estado, sociedade e setores produtivos para atrair investimentos e promover os produtos do Rio Grande do Sul no cenário nacional e internacional.

“Diferentemente de outros planos já lançados, este tem uma agência autônoma com comitê de monitoramento”, observou o vice-governador Gabriel Souza, ao lembrar que a iniciativa está articulada com o Plano Rio Grande.

A Invest RS deve executar políticas públicas de desenvolvimento relacionadas à atração de investimentos e de promoção comercial. “Este é um plano de Estado e vai ser um guia para os próximos governantes e para a sociedade. É o caminho para tornar o Rio Grande do Sul mais eficiente, competitivo e um ambiente acolhedor ao empreendedorismo. A Agência de Desenvolvimento, a Invest RS, um sonho antigo que se torna realidade, é um mecanismo que vai nos dar mais proatividade na atração de investimentos e abertura de mercados, promovendo avanço e crescimento socioeconômico para a população gaúcha”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo.

Focos do portfólio de serviços da Invest RS são:

  • Inteligência de mercado: informações detalhadas para investidores sobre as características do Estado e diferenciais de seus setores estratégicos.
  • Serviços ao investidor: aconselhamento especializado na construção de casos de negócios e estratégias de expansão, como a identificação de locais adequados para novos empreendimentos.
  • Serviços ao exportador: detalhamento sobre processos e etapas envolvidos na exportação, incluindo cadeia logística, além de opções de financiamento.