Projeção de alta da construção civil sobe para 3,5% em 2024, aponta CBIC

Novo ciclo de taxa de juros e das dificuldades no crédito imobiliário preocupam

Crédito: Divulgação/FGV-Ibre

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou, nesta segunda-feira (28/10), a projeção de crescimento do setor para 2024, elevando a expectativa de 3% para 3,5%. Os fatores positivos que motivaram essa revisão incluem o aquecimento do mercado de trabalho, o bom desempenho da área imobiliária de padrão econômico e a expectativa de crescimento mais robusto da economia neste ano e início do próximo.

“O setor vem em um ciclo virtuoso de crescimento. O saldo de novas vagas geradas continua positivo e os empresários mantém expectativas otimistas para o nível de atividade nos próximos seis meses. Diante desses fatores, é possível que o crescimento supere o inicialmente previsto”, afirma o presidente da CBIC, Renato Correia.

No entanto, a CBIC alerta para obstáculos a esse crescimento em função das perspectivas de novos aumentos na taxa de juros, que podem deprimir a intenção de investimentos. Além disso, também é preciso considerar a pressão sobre a disponibilidade de recursos do crédito imobiliário. “Esses fatores podem influenciar o resultado da Construção nos próximos meses e provocar um desempenho abaixo do esperado, mesmo diante dos atuais indicadores positivos. O cenário futuro está marcado por incertezas, o que pode comprometer os resultados no final de 2024 e início de 2025”, alerta Correia.

RESULTADOS POSITIVOS

A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, ressalta que a CBIC já havia revisado anteriormente a sua projeção de crescimento para 2024. “No final do ano de 2023 estimamos incremento de 2,3% para as atividades do setor. Em julho alteramos para 3% em função dos bons resultados dos primeiros meses do ano. Agora, novamente aumentamos a nossa projeção.

Os resultados do segundo trimestre foram mais positivos, o que acabou, então, influenciado a nova projeção”, destaca. “A nova estimativa de 3,5% supera as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que está em 3,05%, segundo o relatório Focus, de 18 de outubro, emitido pelo Banco Central”, completa.

Os dados foram divulgados pela CBIC durante coletiva de imprensa online, na qual foram apresentados o desempenho econômico do setor no 3º trimestre de 2024 e as perspectivas para o ano, incluindo informações sobre geração de empregos, custo da construção e os principais desafios enfrentados. O evento contou também com a participação do gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Azevedo. O levantamento faz parte do projeto ‘Inteligência Setorial Estratégica’, realizado pela CBIC em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).

SONDAGEM

A Sondagem da Indústria da Construção, realizada pela CNI com o apoio da CBIC, mostra que o nível médio de atividade no setor no 3º trimestre de 2024 foi superior ao do mesmo período em 2023 e que a confiança do empresário da construção cresceu. O resultado positivo se deve à melhoria das avaliações deles em relação às condições atuais e às expectativas para o futuro próximo.

“Essa alta da confiança se dá muito por conta das expectativas, que estão bastante positivas com relação aos próximos seis meses, enquanto a avaliação das condições atuais, que vinha negativa, passou para um patamar de neutralidade, demonstrando que não houve piora no desempenho das empresas e da economia, na avaliação dos empresários”, afirma Marcelo Azevedo.

PREÇO DA MORADIA

O presidente da CBIC alertou que quem for comprar um imóvel novo vai se deparar com preços maiores ao longo dos próximos meses, situação que reflete a escalada nos custos das obras, segundo ele. “A situação vai gerar o repasse de custo maior para o preço dos imóveis. Quem for comprar a casa própria vai encontrar preços maiores. Não tem jeito, as empresas têm que preservar as margens de lucro”, disse Renato Correia.

O presidente da CBIC destacou que incorporadoras enfrentam dificuldades em obter financiamento para clientes na entrega das chaves, devido aos juros altos e à falta de recursos. Ele propôs a liberação parcial dos depósitos compulsórios bancários para crédito imobiliário, o que ajudaria a aliviar o cenário até uma possível queda dos juros.

Essa sugestão, apoiada por entidades do setor como Abrainc e Secovi, busca reduzir o custo do crédito diante do aumento dos custos de captação pelos bancos, agravado pela saída de recursos das cadernetas de poupança.