O TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral-SP) afirmou ao R7 que não recebeu nenhum relatório de inteligência tampouco nenhuma informação sobre o caso que envolve orientações eleitorais por parte de integrantes de uma facção criminosa, na capital paulista. Mais cedo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que o governo paulista trocou dados do documento com o órgão eleitoral. A reportagem acionou a gestão paulista, e o espaço está aberto para manifestação. Procurado, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse que não vai se pronunciar.
“Não chegou ao conhecimento do TRE-SP nenhum relatório de inteligência nem nenhuma informação oficial sobre esse caso específico. O Tribunal soube do caso pela imprensa. Após a divulgação do caso, o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos entrou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) na 1ª Zona Eleitoral por abuso de poder político e abuso no uso dos meios de comunicação”, diz o órgão eleitoral.
“O Tribunal é um órgão do Poder Judiciário que age mediante provocação. Os legitimados para propor ação são o Ministério Público Eleitoral, candidatos, partidos políticos, coligações e federações. O TRE-SP não se manifesta sobre casos concretos que possa vir a julgar”, acrescenta a nota do TRE-SP.
Tarcísio afirmou que, durante a campanha, foram realizadas interceptações de mensagens de membros do PCC. Segundo o governador, os textos orientavam voto no candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, adversário do prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por ele. Além disso, relatou que o governo paulista trocou informações do caso com o TRE-SP.
“Teve o salve. Houve interceptação de conversas e de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa orientando determinadas pessoas, em determinadas áreas, a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de inteligência, houve essa interceptação.” disse o governador. Questionado sobre qual candidato, ele respondeu: “Boulos”.
O candidato, por sua vez, afirmou que o caso é um “laudo falso do segundo turno”. “Dia de eleição, dia decisivo. Imaginei que ao menos hoje fosse um dia mais tranquilo em relação às mentiras que nossos adversários fizeram durante toda a campanha, mas recebi uma notícia, agora há pouco, de algo que beira o inacreditável. O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio, acabou de divulgar, ao lado do candidato dele, uma declaração extremamente grave, sem nenhum tipo de prova, dizendo que o PCC teria determinado voto em mim”, disse Boulos.
“Gente, olhem o nível. Acho que as pesquisas, monitorando os colégios eleitorais, devem estar demonstrando a onda de mudança, a onda de virada acontecendo na cidade, e partiram para o desespero absoluto. É o laudo falso do segundo turno”, completou o parlamentar.
As declarações foram anunciadas por Tarcísio ao lado de Nunes. O governador ressaltou uma “ação coordenada” de uma facção que seria uma ameaça à segurança das eleições municipais. O episódio gerou reação do PT (Partido dos Trabalhadores), que pediu que o chefe do Executivo paulista fosse responsabilizado por crime eleitoral.
Publicado por João Victor Trindade / UFRGS
Com supervisão de Sinara Félix