Apesar de alguns contratempos, a manhã de votação transcorreu de forma considerada normal por eleitores e representante da Justiça Eleitoral Gaúcha. Poucas filas, nenhuma substituição de urna e exceções no trânsito marcaram as primeiras horas do pleito em Porto Alegre.
Faltando meia hora para a abertura das seções de votação, a movimentação na Capital era semelhante a um domingo normal. Poucos veículos nas ruas apesar da manhã ensolarada. Por volta das 7h30min, ainda pequenas, as filas começam a se formar nos locais de votação.
Por tradição ou necessidade, alguns eleitores chegam antes mesmo da abertura das secções. Foi o caso da aposentada Marilene Lobo, 69 anos, que saiu antes das 7h do bairro Humaitá, onde mora, para votar na Associação Leopoldina Juvenil, no Moinhos de Vento.
“Vim em um carro de aplicativo, cheguei meia hora antes, mas gosto, assim, voto cedo e fico livre”, justificou.
A procuradora do Estado Ana Cristina Brenner, 50, tem compromisso com a família e também planejou ser uma das primeiras a votar para evitar atrasos.
“Dever cívico cumprido, fico disponível para a família o restante do dia”, revela.
Nas cinco cidades gaúchas com segundo turno, assim como ocorreu no primeiro, era dia de passe livre no transporte coletivo. As frotas foram reforçadas. Mas em Porto Alegre, não havia movimento significativo nas paradas. O motorista de ônibus Antônio Gonçalino, 36, que conduz uma das rotas que passam na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), afirmou que foi uma manhã como um domingo qualquer.
“Vai das 8h até tarde (17h), então tem tempo do pessoal se distribuir bem”, avaliou o profissional do volante.
Os motoristas de aplicativos de transporte trabalharam um pouco mais. Na frente da Associação Leopoldina Juvenil, perto das 9h, havia até fila dupla de carro deixando e embarcado eleitores.
“É dia que dá para faturar um pouco mais”, admitiu o autônomo.
Portões fechados
Quem foi votar na PUCRS encontro os portões principais da Universidade fechados por volta das 8h, mesmo com a votação já iniciada em todo o país. De acordo com uma mesária que pediu para não ter o nome revelado, todas urnas foram abertas no horário, 8h, porém o acesso dos eleitores ao campus da universidade ocorreu apenas dez minutos depois.
Apesar do fato, a votação transcorreu com normalidade em todas as seções localizadas no campus central da PUCRS, que é um dos maiores colégios eleitorais da Capital em números de seções. Quem chegou por volta das 10h sequer encontrou filas.
Urna reiniciada
Por volta das 10h, a urna eletrônica da seção 512, localizada no colégio Pastor Dohms, na zona Norte de Porto Alegre, apresentou falhas. De acordo com o mesário que preside os trabalhos, o equipamento foi reiniciado e não houve necessidade de substituição. Trata-se de um procedimento padrão e que não afeta os votos registrados anteriormente. O pleito transcorreu normalmente durante toda a manhã.
Até o meio-dia deste domingo, nenhuma urna eletrônica precisou ser trocada na Capital, conforme o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Segurança no pleito
Todo o efetivo disponível da Brigada Militar foi colocado nas ruas de Porto Alegre neste domingo. É o mesmo esquema de segurança implantado no primeiro turno, em conjunto com Guarda Municipal, Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Os PMs fazem rondas nos locais de votação de maior movimento no município, como a Escola Estadual Otávio Rocha, no bairro Partenon. Em duplas e sempre postados ao lados dos portões de entrada, atuam para manter a ordem e coibir crimes eleitorais, como boca de urna e propaganda irregular deixada no chão.
O trabalho é feito dentro da operação conjunta montada a partir do Tribunal Regional Eleitoral com as forças de segurança e controle de trânsito.
Acessibilidade comprometida
Quando a técnica de enfermagem Marilaine Espíndola Bastos, 64 anos, chegou para votar na Escola Pastor Dhoms, na zona Norte, como sempre faz, solicitou que fosse liberado a ela o acesso ao elevador. Porém, para exercer seu direito, acabou tendo que subir os três andares que a separavam da urna pelas escadas.
“A mãe está com dificuldade para caminhar, eu solicitei o elevador, mas disseram que não funciona”, contou a filha da idosa, a vendedora Mônica Bastos Machado.
“Foi mais difícil e cansativo hoje, no primeiro turno fui de elevador, mas já votei hoje, no fim deu tudo certo”, disse Marilaine.
A mesária Ivana Milesk, 53 anos, deu um “mal jeito” no pé direito no sábado. Mesmo mancando, não deixou de cumprir seu papel neste domingo, porém, também teve se deslocar pelas escadas.
”Pelo menos eu estou trabalhando no primeiro andar, são só dois lances de escada”, ameniza.
A encarregada do prédio pela Justiça Eleitoral informou ao Correio do Povo que o equipamento, usado apenas para o transporte de pessoas com dificuldade de locomoção, apresentou defeito – uma pessoa ficou presa cerca de 40 minutos, até a chegada da equipe de manutenção, isso ainda no primeiro turno das eleições. Assim, nesse domingo, o elevador está chaveado por segurança e a orientação é que os eleitores que necessitam de acessibilidade procurem as equipes no andar térreo para solicitar a liberação.
Crime e trânsito bloqueado
Na zona Norte de Porto Alegre, um homicídio, até o momento não relacionado à eleição chocou os moradores do Jardim Leopoldina. Tratada pela Polícia Civil de forma preliminar como execução motivada por disputa entre facções ligadas ao tráfico de drogas, o crime ocorreu na avenida Manoel Elias, distante aproximadamente 400 metros de dois locais de votação no bairro.
Para acessar os colégios eleitorais, foi necessário realizar desvios no trânsito, uma vez que a Manoel Elias foi bloqueado para o trabalho da perícia criminal.
Publicado por João Victor Trindade / UFRGS
Com supervisão de Sinara Félix