A Polícia Federal recomendou uma apuração dos laudos que atestaram a capacidade de Edson Fernando Crippa para ter armas. A sugestão foi enviada ao Conselho Regional de Psicologia, que poderá averiguar eventual responsabilidade de quem aprovou o exame psicotécnico do atirador.
O homem de 45 anos tinha esquizofrenia. Entre a noite de terça e a manhã de quarta-feira, ele matou quatro pessoas e deixou outras oito feridas em Novo Hamburgo.
O pedido foi realizado pela Delegacia de Controle de Armas e Produtos Químicos (Deleaq). A recomendação é que o Conselho de Psicologia instaure um procedimento administrativo e preserve os testes que foram aplicados no criminoso. Caso a medida apontar que houve falha do profissional responsável, ele pode ser descredenciado.
Ainda de acordo com a PF, das quatro armas apreendidas com Edson Crippa, há registro de apenas uma no Sistema Nacional de Armas (Sinarm). A PF confirma que o pedido de aquisição da referida arma de fogo ocorreu na superintendência, quando também foram anexados documentos exigidos por lei, incluindo laudo psicológico de “apto” para aquisição de armamento, emitido por uma psicóloga credenciada.
A instituição também destaca que ainda não responde por registro, autorização, concessão e fiscalização de atividades dos Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CAC). Isso porque a PF assumirá a função somente em 1º de janeiro de 2025, conforme previsto em um acordo de cooperação técnica, oficializado em 18 de setembro de 2023, que estabelece cronograma para transferência de competências do Exército Brasileiro aos agentes federais.
Armado apesar da esquizofrenia
Conforme a apuração da Polícia Civil, ambos Edson e o pai Eugênio, morto por ele aos 74 anos, sofriam de esquizofrenia. Ocorre que o idoso tratava o transtorno com medicamentos e o atirador, não.
A investigação apontou que Edson Crippa tinha permissão para ter armas desde 2007, sendo que a primeira internação dele em uma clínica psiquiátrica ocorreu no ano seguinte. Ele chegou a somar quatro internações em 16 anos mas, apesar disso, teve a autorização renovada em 2018 e 2020.
Quando morreu em confronto com o Batalhão de Operações Especiais (Bope), Crippa tinha ativo o registro de CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador). Ele também havia completado diversos cursos de atirador, conforme a irmã dele informou aos policiais.
A ocorrência só foi encerrada após mais de 10 horas de tiroteio. Isso porque Edson tinha duas pistolas e duas carabinas, além de centenas de munições, no interior do imóvel na rua Adolfo Jaeger, bairro Ouro Branco.
Uma das explicações para o arsenal é que o criminoso chegou a trabalhar como motorista de cargas especiais, o que inclui transporte de itens de valor e materiais de risco. A profissão garante condições para porte e posse de armas, entretanto, ele estava desempregado e morava na casa dos pais há cerca de dois anos. O que ainda não se sabe é como Edson Crippa conseguiu manter e renovar o registro das armas com diagnóstico de esquizofrenia e quatro internações.