O guarda municipal Volmir de Souza arriscou a vida em um ato de bravura. Ao tentar resgatar policiais militares da mira de um atirador em Novo Hamburgo, o homem de 54 anos recebeu três disparos que o deixaram à beira da morte. Ele conseguiu sobreviver, mas quatro pessoas ainda estão internadas em estado grave. Outras cinco, incluindo o próprio criminoso, morreram.
Na noite de terça-feira, o agente foi recebido a tiros por Edson Fernando Crippa, na rua Adolfo Jaeger, bairro Ouro Branco. O atirador, que tinha quatro armas e centenas de munições, disparava da janela de casa.
Foi quando o guarda municipal percebeu o soldado Everton Kirsch, já tombado, no pátio. Sob rajadas, ele entrou no fogo cruzado para socorrer o colega da segurança pública, mas acabou sendo atingido no ombro direito ao tentar erguer o soldado do chão. O PM morreu no local.
Volmir de Souza ainda conseguiu sair do terreno para a rua, sendo atingido mais duas vezes. Um disparo o feriu no ombro esquerdo e outro, próximo ao tórax. Pelo menos mais um tiro acertou o colete balístico dele.
O agente encontrou guarida atrás de um poste de luz. Ali, ele permaneceu em meio ao tiroteio por cerca de uma hora, quando foi resgatado por outra guarnição da Guarda Municipal. Também foram resgatados na ocasião a sargento Joseane Muller, baleada no ombro, e o soldado Eduardo de Brida Geiger, ferido no pé.
Levado a hospital em que companheira trabalha
Viviane Maurer, companheira de Volmir, é recepcionista no Hospital Geral de Novo Hamburgo. Pouco após a meia-noite, os alvejados deram entrada na emergência da instituição. Ela só não esperava que o guarda municipal também fosse uma das vítimas.
“Fui informada que policiais tinham sido resgatados de um tiroteio e estavam a caminho do hospital, mas só soube que o Volmir era um dos feridos no início do atendimento. Eu gritava pelo nome dele e ele chamava pelo meu, mas a equipe impediu que ficássemos juntos naquele momento, conforme estabelece o procedimento padrão da emergência. Foi terrível”, relembra Viviane.
Com voz embargada, a mulher conta que o agente teve pulmões perfurados e duas costelas quebradas, além de um dos ombros dilacerado. O guarda municipal também quase sofreu duas paradas cardíacas quando era atendido.
“A vida do Volmir é resultado de três milagres. O primeiro foi ele ter sobrevivido ao atirador. Os outros, escapar de duas paradas cardíacas. O tempo todo eu dizia ‘tu não vai morrer’, mas os ferimentos dele sangravam muito”, descreve, emocionada.
Quadro de saúde é estável
Viviane afirma que o guarda municipal está consciente e tem quadro de saúde estável. Ele foi transferido para o Hospital da Unimed, onde permanece internado na UTI. Há cápsulas alojadas no corpo dele, mas a gravidade dos ferimentos torna inviável um procedimento cirúrgico.
Nesta manhã, ainda de acordo com a companheira, Volmir, que também é chamado carinhosamente por ela de “Beni”, voltou a ingerir alimentos sólidos. O problema é que ele ainda sofre com dores severas e precisa de sedação constante.
“Ele recuperou um pouco da cor e voltou a se alimentar. Entretanto, as dores ainda são muito fortes. Até agora não consigo entender o motivo dele ter se arriscado assim, mas no fundo sei que o Volmir fez isso por ser uma pessoa de ação. Ao ver que o PM estava tombado, ele simplesmente teve a reação de ajudar”, destaca Viviane.