Crises, delírios e internação: o que se sabe sobre mãe suspeita de matar gêmeas em Igrejinha

Mulher de 42 anos é investigada por envenenamento das filhas de seis anos no Vale do Paranhana

Irmãs de seis anos morreram com oito dias de diferença em Igrejinha | Foto: Arquivo pessoal

A mãe das gêmeas que morreram em Igrejinha, no Vale do Paranhana, tem histórico de distúrbios psiquiátricos. Presa temporariamente na quarta-feira, A mulher de 42 anos passou parte do mês de setembro internada para tratar crises de depressão e transtornos suicidas. Conforme a Polícia Civil, ela teria envenenado as filhas de seis anos.

A morte das crianças ocorreu em um intervalo de tempo de oito dias, sendo o primeiro óbito em 7 de outubro e outro na terça-feira. Em ambos os casos, as vítimas foram socorridas em casa, no loteamento Jasmim, no bairro Morada Verde.

De acordo com o delegado regional Cleber Lima, a suspeita de morte por envenenamento surgiu após o relato de médicos do Hospital Bom Pastor, onde as gêmeas foram atendidas. Ele relata que nenhuma delas tinha marcas de agressão no corpo, mas as duas espumavam e tinham sangramento na boca.

“O quadro das crianças foi descrito pelos médicos como semelhante ao que ocorre quando há ingestão de veneno. Apesar disso, ainda não termos encontramos nenhuma substância desse tipo na casa onde as vítimas moravam. Os laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) devem apontar as causas das mortes”, disse.

Ainda segundo o delegado, também levanta suspeitas o fato das mortes terem ocorrido pouco após a mãe das crianças ter recebido alta da internação. Além disso, apesar do pai ter dito em depoimento que não desconfiava da mulher, o testemunho de outros familiares a colocam como suspeita. Os relatos dão conta que ela tinha pensamentos suicidas e delírios, oscilando entre momentos de apatia e crises de depressão.

Não é descartado que os transtornos dela tenham relação com a morte de outro filho, em 2020, que era fruto de um casamento anterior. O jovem de 22 anos teria envolvimento com a venda ilegal de drogas e, no mesmo contexto do tráfico, acabou sendo assassinado em Santa Maria, na região Central. Parentes da mulher contaram aos policiais que os distúrbios dela teriam se agravado após a perda.

“Ela sentia falta do filho que morreu, e declarava com frequência que gostaria de se unir a ele. Chama atenção que a mulher havia saído do tratamento psiquiátrico no início de outubro e, logo depois, as filhas dela morreram. Suspeitamos que ela pode ter matado as crianças movida pela ideia de que assim elas poderiam ‘ficar juntas’ ao meio-irmão falecido, ou qualquer outra ideia irreal do tipo”, ponderou o delegado Cleber Lima.

A mulher nega envolvimento com a morte das filhas. Entretanto, policiais civis contam que ela evita falar do caso e tem apresentado um comportamento descrito como excêntrico.