O tema da corrupção esteve latente desde o início do debate realizado por Correio do Povo e Rádio Guaíba, em parceria com Amrigs e apoio do Simers. Já nas considerações iniciais, os candidatos à prefeitura de Porto Alegre iniciaram a troca de acusações que ditaria o ritmo do enfrentamento entre Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT).
Rosário foi a primeira a falar e, de imediato, disse que a gestão Melo foi “responsável pelos maiores escândalos de corrupção que a prefeitura de Porto Alegre já viveu”. O emedebista rebateu: “De corrupção, quem é campeão e entende é o PT. Se quiser debater esse tema, vamos debater. Mas se tem alguém que entende de corrupção no país é o Partido dos Trabalhadores”.
E assim foi. Ao retomar a palavra e abrir a rodada de perguntas com tema livre, a petista voltou a citar polêmicas recentes no Executivo municipal para, em seguida, questionar Melo sobre as enchentes.
“Não é sobre o PT ou o MDB. É sobre a prefeitura municipal de Porto Alegre e os escândalos de corrupção que estão acontecendo sob sua gestão. Não é um ataque pessoal. É uma avaliação do que acontece na cidade e não pode continuar acontecendo”, pontuou Rosário.
“Quando terceirizaram, acabou tendo R$ 500 mil de propina para o diretor do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) que foi indicado pelo Melo”, acusou ainda ela.
Ele se defendeu. “Seria a Maria do Rosário fake news. Já começou a mentir. Temos uma diferença na questão da corrupção: eu não boto para debaixo do tapete. Essa questão, quando alguém disse que estava dando propina para o diretor do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), eu mandei investigar e mandei para o Ministério Público (MP) em abril de 2022”, respondeu Melo.
“Não tenho amigos da corrupção. No Mensalão e no Petrolão, não vi a senhora com essa indignação”, disse também o prefeito.
O tema voltaria de forma recorrente em diversos momentos do debate, que durou cerca de 1h30min e foi realizado no teatro da Amrigs.
A polarização nacional representada nas candidaturas através de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que vinha sendo abordada de forma mais incisiva a partir do segundo turno, não voltou a ser protagonista. Rosário até citou a ligação de Melo com a família Bolsonaro, mas o prefeito não chegou a mencionar a figura de Lula.
Os apoios conquistados no segundo turno também serviram de munição. Rosário citou a aliança com Juliana Brizola (PDT) em pelo menos quatro oportunidades, enquanto Melo abriu sua fala agradecendo ao Novo e ao PSDB, que se somaram aos oito demais partidos de sua coligação.
Os concorrentes ao Paço Municipal também buscaram se diferenciar um do outro. De um lado, Melo destacou seu programa de parcerias e privatizações. De outro, Rosário defendeu serviços prestados pelo poder público.
Eles também fizeram perguntas entre si a partir de três temas pré-definidos: saúde, mobilidade urbana e educação. Na área da saúde, Melo disse que ampliou as equipes na atenção básica e defendeu parcerias com o setor privado. Rosário disse que manterá as parcerias com entidades filantrópicas e criticou as condições de trabalho no Hospital de Pronto-Socorro (HPS).
A discussão sobre mobilidade foi centrada no transporte coletivo por ônibus. A revisão do plano diretor, que deverá ser feita pela próxima gestão, não foi citada. Na educação, a petista destacou o déficit de vagas em creches e Melo valorizou chamamento de professores aprovados em concursos públicos.