Um levantamento feito pela área de economia do Banco Itaú revelou que 24 milhões de pessoas devem fazer apostas online no Brasil, o que envolveria a destinação R$ 150 bilhões nos gastos dos apostadores. Para 2028 a evasão das apostas pode chegar a R$ 700 bilhões. O crescimento dos jogos digitais foi tema do Tá na Mesa desta quarta-feira, 16, na palestra “Jogos Eletrônicos – Vícios em um mundo digital”, que reuniu o presidente da Federação das AGVs, Vison Noer, do economista chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL Porto Alegre), Oscar Frank, e o doutor em psiquiatria, e diretor da Villa Janus, Carlos Salgado.
Na sua fala durante a abertura da reunião-almoço, o presidente da Federasul, Rodrigou Sousa Costa, destacou que o vício em jogos tem sido um problema crescente no Brasil em termos exponenciais e já se tornou questão de saúde pública que não pode ser ignorado. Junto com os palestrantes, ele defendeu a necessidade urgente da regulamentação da tributação sobre as empresas de apostas online e ações de prevenção para evitar impactos tanto na saúde do apostador como no consumo, provocando a perda de renda.
Nos dados que apresentou, Noer e Frank destacaram que para 2028 a evasão das apostas pode chegar a R$ 700 bilhões, o que poderá ser considerado uma epidemia. O estudo também revela que a maioria dos apostadores pertence às classes sociais mais baixas (C, D e E), incluindo aproximadamente 9 milhões de beneficiários do Bolsa Família, que apostaram um valor estimado em R$ 10 bilhões.
Salgado apontou que os jogadores compulsivos refletem na saúde pública e, embora nem todos enfrentem dificuldades, uma parte significativa pode sobrecarregar o sistema de saúde. “O SUS vai pagar caro demais”, considerou. O especialista considera difícil o controle e a regulação da bets. Pelos dados apresentados, são 308 plataformas de jogos, que afetam o consumo em setores como alimentos e vestuário, desviando renda que poderia ser usada para compras essenciais.
Noer reforçou que mais de 1,3 milhões de pessoas estão inadimplentes no país devido as apostas e mais de R$ 68 bilhões já foram gastos até agosto nas apostas, levando o prejuízo anual para o varejo para R$ 117 bilhões. Ele reforçou o posicionamento de liberdade econômica defendido estatutariamente pela FAGV mas que as empresas deveriam ser fortemente tributadas, como ocorre com produtos como cigarro e bebidas alcoólicas. Ele ainda considerou que as indústrias tabagistas e cervejeiras geram empregos e produção, ao contrário das plataformas de apostas.