Reforçando a política institucional de atuar na prevenção a todos os tipos de violência, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) criou um núcleo especializado em estratégias de prevenção e enfrentamento ao problema no começo deste ano. Neste caso, a ação foca a violência extrema que pode ser cometida por crianças, adolescentes e jovens.
O Núcleo de Prevenção à Violência Extrema tem o objetivo de orientar a comunidade escolar e as famílias e capacitar órgãos públicos, como conselhos tutelares e profissionais da saúde, assistência social e segurança pública, para reconhecer os sinais que os jovens apresentam e que podem desencadear um episódio agressivo. Embora seja difícil prever a ocorrência de um evento violento, indícios podem sinalizar que um aluno, um adolescente, está com problemas que podem levar a uma agressão extrema.
Durante o lançamento do Projeto Sinais, o procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, disse que o assunto necessita de uma atenção permanente das autoridades e não só em abril, mês marcado por ataques e quando muitas instituições costumam fazer alertas. “Precisamos de um trabalho contínuo de prevenção para evitar o pior e, ao mesmo tempo, poder oferecer a estes jovens um atendimento especializado que os afastem da violência”.
Nos últimos 10 meses, o MPRS acompanhou diversos casos de jovens que estavam no caminho da radicalização. Segundo o procurador de Justiça Fábio Costa Pereira, coordenador do Núcleo de Prevenção à Violência Extrema, eles têm perfil semelhante: idades entre 10 e 26 anos, com poucas relações sociais, de famílias desestruturadas, vítimas de agressões em casa e bullying na escola, expostos à violência excessiva de jogos, com acesso fácil a conteúdos na internet sobre intolerância, grupos extremistas, e alguns com acesso não supervisionado a armas. Fatores que acabam contribuindo para um comportamento violento.
Neste período, o MPRS fez intervenções que deram resultado. Um dos casos foi de um menino do Interior do Estado que tinha planejado um ato violento e estava sendo monitorado. A partir de uma articulação que envolveu toda a rede de apoio e assistência da cidade, a família passou a ser acompanhada e a situação foi resolvida antes de gerar consequências graves.
O procurador Fábio Costa Pereira ressalta que cada caso é um caso. “Não existe uma fórmula pronta, mas é preciso prestar atenção ao comportamento desses jovens e sinais, como por exemplo, o afastamento da família, defesa de valores extremistas, como preconceito, racismo, intolerância. E se ele fizer ameaças, isso deve ser entendido como um pedido de socorro”.
“Em síntese, o Projeto Sinais quer criar canais de comunicação de forma direta entre a sociedade civil organizada, famílias, ambiente acadêmico e Ministério Público para que possam atuar juntos em busca do mesmo objetivo: evitar que os nossos jovens se radicalizem e permitir que dessa forma o nosso ambiente, tanto de cidadania quanto escolar, seja mais seguro”, afirma o procurador.
Além do procurador Fábio Costa Pereira, o promotor de Justiça Marcio Abreu Ferreira da Cunha e a servidora Thais Menezes Pacheco integram o Núcleo de Prevenção à Violência Extrema.