Futurecom 2024: Consultoria revela estudo inédito sobre o 5G e IA na América Latina e no mundo

América Latina já atingiu 47 milhões de ligações 5G até ao primeiro trimestre de 2024

Já em seu quinto ano de operações na América Latina, o 5G segue impulsionando a inovação, ainda que de forma lenta, mas com progressos realizados em áreas como redes privadas, Fixed Wireless Access (FWA) e novos serviços ao consumidor. E para trazer à luz esses e outros temas relacionados aos serviços de quinta geração, a consultoria Omdia, em parceria com o Futurecom, apresentou nesta quarta-feira, 9, durante o evento, dados de dois levantamentos exclusivos, “Evolução de 5G no Brasil e no Mundo” e o “Digital Consumer Insights”.

Ari Lopes, gerente sênior de Service Providers Americas da Omdia; e Hermano Pinto, diretor do Portfólio de Tecnologia e Infraestrutura da Informa Markets/Futurecom, destacaram como o 5G está no mundo e como a América Latina ainda tem um desenvolvimento desigual na tecnologia. A 24ª edição do Futurecom, maior evento de conectividade, inovação e tecnologia da América Latina, cujo tema central será “Brand New World on the Edge – A conectividade e as novas relações pessoas-máquinas”, acontece até o 10 de outubro, no SP Expo, em São Paulo.

O relatório analisa a situação do 5G na América Latina, especialmente o seu desenvolvimento em 2024, e avalia os vários impulsionadores e inibidores do crescimento futuro, incluindo aplicações que inserem Inteligência Artificial. Embora a América Latina já tenha atingido 47 milhões de conexões 5G até ao primeiro trimestre de 2024, países importantes, como Argentina e Colômbia demoraram a disponibilizar o espectro.

IMPLEMENTAÇÃO

Os maiores países da região (Brasil e México) já fizeram investimentos mais intensos em 5G e fibra e outros estão apenas iniciando suas implementações. Chile, Porto Rico, Brasil e México, por exemplo, ultrapassaram a quota de 10% do 5G, enquanto outros, como a Argentina, o Peru e a Colômbia iniciaram a implementação do 5G tardiamente.

“A América Latina está ficando atrás não apenas dos países desenvolvidos, mas também de outras regiões em desenvolvimento, como Oriente Médio e Ásia, em termos de adoção do 5G. Uma primeira onda com poucos países, com pausa devido à pandemia, seguida por uma segunda onda com leilões realizados na República Dominicana, Chile e Brasil em 2021. Outro hiato é que os leilões de espectro foram adiados para o final de 2023 em países importantes como Colômbia e Argentina”, destaca Ari Lopes.

“O que Omdia verificou em seu levantamento são pilotos e testes comerciais com 5G no segmento B2B, mas também de forma tímida porque na área corporativa o ciclo de adoção para novas tecnologias é mais longo porque as empresas não conectam tecnologia nova e não testada às suas atividades principais, além do custo elevado e baixa disponibilidade dos dispositivos”, explica Hermano Pinto, diretor do Futurecom.

IA GENERATIVAS

A pesquisa “Digital Consumer Insights 2024” da Omdia revela a alta adoção do ChatGPT e de ferramentas de IA generativas como Gemini na América Latina. De acordo com o levantamento, os consumidores digitais no Brasil e no México relatam taxas de uso significativamente maiores do que a média global. Enquanto a média global do GenAI foi de 66%, a América Latina foi de 73% de acordo com a pesquisa.

O Brasil fica atrás apenas de Índia, China, Egito e Arábia Saudita. Essa estatística ressalta até que ponto a IA está se tornando parte da vida cotidiana e do trabalho na região, com consumidores digitais latino-americanos demonstrando notável curiosidade e interesse em adotar essas novas tecnologias. A pesquisa revela ainda que, no Brasil, 40% dos consumidores digitais utilizam a IA principalmente para trabalho ou estudo, destacando uma forte adoção para uso profissional.

A pesquisa também trouxe novos elementos para entender os hábitos de consumo de serviços digitais por parte dos consumidores latino-americanos. O levantamento identificou que cerca de 39% dos entrevistados planejam aumentar os gastos com assinatura de jogos on-line, isso é mais do que o dobro das intenções de aumento de gasto com telefonia móvel. A pesquisa também apontou que confiabilidade, bom sinal de Wi-Fi e bom suporte ao cliente são comparativamente mais importantes do que velocidade de internet mais rápidas no serviço de banda larga fixa. Finalmente, quanto ao 5G, 89% dos entrevistados entendem a tecnologia como simplesmente mais velocidade na internet móvel, e apenas 26% planejam comprar um telefone mais moderno por causa do 5G.

O estudo “Digital Consumers Insights” realizou 20 mil entrevistas em 20 países, em agosto deste ano (2024). Foram entrevistados consumidores com perguntas sobre temas como 5G, IA, serviços de streaming, banda larga. Ela busca entender os hábitos de consumo de serviços digitais. Países entrevistados: Austrália, Brasil, Canadá, China, Egito, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Malásia, México, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do Sul, Espanha, Turquia, EUA e Reino Unido.

MERCADO

A participação do 5G na América Latina no total de conexões é de 5,97% no primeiro trimestre de 2024. Está apenas à frente da África e da Europa Oriental. Porto Rico tem taxa de 37% e Chile tem 26%. Representam os dois países com maior participação de 5G, enquanto os dois maiores países, Brasil e México, têm 11% e 10% respectivamente. As duas maiores economias da região, Brasil e México, respondem por 51% de todas as conexões móveis da região, enquanto a sua quota de conexões 5G chega a 79%.

Entre os motivos para a forma desigual com que o 5G avança na América Latina está a implantação do 5G FWA. Apesar do sucesso desse formato nos EUA, ele não foi suficiente para convencer as operadoras da região a investirem no serviço. A monetização do 5G também é mais um obstáculo porque os prestadores não conseguem oferecer serviços exclusivos apoiados nessa tecnologia para fazer decolar essa inovação e justificar pacotes mais elevados apenas para clientes pós-pagos.