Em Porto Alegre, o maior colégio eleitoral do RS, oito candidatos se apresentam para conquistar a prefeitura. O prefeito Sebastião Melo (MDB) tenta a reeleição, encabeçando uma coligação de centro-direita integrada por outros sete partidos: PL, PP, Republicanos, PSD, Podemos, Solidariedade e PRD. Coube ao PL a indicação da vice, Betina Worm.
Em oposição direta a Melo, o PT tem como candidata ao comando do Executivo a deputada federal Maria do Rosário. A legenda forma uma federação partidária com PCdoB e PV. E coligou com o PSB e a federação PSol/Rede, que indicou a vice na chapa, Thamyres Filgueira.
Ao todo, a aliança registrada soma seis siglas. Conta ainda com o apoio do Avante, que tirou posição por integrar a coalizão, mas ficou de fora do registro em função de questões referentes à validação de sua comissão provisória.
Pelo PDT, quem concorre ao Paço Municipal é a ex-deputada estadual Juliana Brizola. Ela se apresenta como uma alternativa de centro e está à frente de uma coalizão formada também pelo União Brasil e a federação partidária PSDB/Cidadania. O União tem o vice na chapa, o deputado estadual Thiago Duarte.
Há quatro partidos que estão na disputa com chapas puras. O Novo, à direita, concorre com o nome do deputado estadual Felipe Camozzato. Ele tem como vice Raqueli Baumbach. À esquerda estão as candidaturas do PSTU, do PCO e do UP. O PSTU disputa com Fabiana Sanguiné. Seu vice é Regis Ethur. Pelo PCO concorre Cesar Pontes. O vice é Ulisses Lima. E Luciano Schafer (UP) tem Amanda Benedett de vice. Fecha a lista de postulantes ao Paço o candidato do PRTB, Carlos Alan. Neste caso, contudo, há aliança com o DC, que indicou o vice, João Morsch.
Na prática, os oito candidatos acabaram divididos em dois blocos, com variações. Melo, Maria do Rosário e Juliana são os três que, em função das regras previstas na legislação, tiveram direito a aparecer na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV (reservada para as siglas que alcançaram a chamada cláusula de barreira nas eleições de 2022). O critério também foi utilizado em alguns debates. Além disto, são os três que, em diferentes sondagens, apareceram com intenções de voto na casa dos dois dígitos. Camozzato juntou-se ao grupo quando o critério seguido foi o de siglas com representação na Câmara Federal.
Assim como Camozzato, Sanguiné, Pontes, Schafer e Carlos Alan não tiveram inserções no rádio e na TV. Mas eles também não possuem representação na Câmara dos Deputados. E, nas pesquisas publicadas antes deste domingo, apresentaram índices inexpressivos.
Candidaturas do MDB, do PT e do PDT
Para além do direito a aparecer na propaganda ou da representação na Câmara dos Deputados, desde que começou a campanha em Porto Alegre, a corrida se concentrou em torno das candidaturas do MDB, do PT e do PDT. E, como há diferenças significativas entre as pesquisas publicadas, os núcleos de articuladores das três chegam a este domingo tomados de ansiedade e expectativa.
A equipe de Melo gostaria de ‘liquidar a fatura’ agora. Maria do Rosário chamou lideranças de diferentes siglas para intensificar mutirões por regiões. Juliana tem esperança de conseguir ultrapassar a petista.
Desde a fase da pré-campanha, especialistas e analistas políticos apostavam que a corrida na Capital seria polarizada entre Melo e Maria do Rosário com ele como representante do bolsonarismo e ela como candidata do presidente Lula. Inicialmente, o prefeito era apontado como franco favorito. E tanto o PSDB como o PDT apareciam como com possibilidade de se estabelecerem ao centro.
A tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul em maio e a forma como a prefeitura administrou tudo o que envolveu a enchente na cidade esteve presente nos debates e nas críticas a Melo.
Na outra ponta, os índices de rejeição a sua candidata e ao partido seguiram preocupando os articuladores da campanha petista. Na sequência, o PSDB desistiu de apresentar candidatura própria e Juliana ocupou o espaço reivindicado como de centro.
Já na campanha, tanto a pedetista como Maria do Rosário, passaram a trabalhar com intensidade o tema da necessidade de prevenção e enfrentamento às mudanças climáticas e a expor fragilidades da atual administração. Após o início da propaganda no rádio e na TV, onde ocupava mais da metade do tempo, Melo pode desenvolver mais sua campanha.
Juliana investiu e deu destaque ao peso do sobrenome e a figura do vice, que alcança redutos eleitorais aonde o PDT não chegava.
E Maria do Rosário intensificou a disputa nas periferias. A polarização como era esperada, contudo, aconteceu apenas em termos: com polos marcados de direita e esquerda, mas sem destaque para Bolsonaro e Lula.
Também de olho na eventual rejeição, Melo não deu grande visibilidade ao apoio do ex-presidente. As adversárias citaram a vinculação esporadicamente, mas não a transformaram em ponto central.
De acordo com a professora e cientista política Luciana Papi, que coordena o programa de pós-graduação em Políticas Públicas da Ufrgs e o Núcleo de Pesquisa em Gestão Municipal (Nupegem) da mesma universidade, o primeiro turno teve Maria do Rosário e Juliana Brizola tentando mostrar uma má administração de Melo para gerir a cidade e cuidar das pessoas, e o prefeito destacando suas realizações.
“Tudo, por óbvio, com destaque para as enchentes, que foram a ‘toada’ desta etapa”, destaca.