Cerca de 400 pessoas vítimas das enchentes realizaram uma caminhada pelas ruas de Lajeado para pedir o reassentamento das comunidades atingidas em local seguro, com tamanho adequado. O ato foi organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e contou com a presença de atingidos de outras cidades do Vale do Taquari em apoio às famílias lajeadenses. A concentração foi na Praça da Matriz, passou pela Júlio de Castilhos e Benjamin Constant, encerrando na frente da Casa de Cultura.
De acordo com os organizadores, o que motiva o apoio mútuo são os impactos que os atingidos dos diversos municípios do Vale passaram desde o ciclone de junho de 2023.
O MAB tem cadastrado 450 famílias desabrigadas e afirma que os programas de reconstrução têm inibido a participação dos atingidos e alegam que faltam transparência nos processos.
“Um exemplo é a divulgação da lista de beneficiários do município de Lajeado no programa Minha Casa Minha Vida: Reconstrução Rio Grande do Sul, que até o momento não foi inteiramente divulgada. Os atingidos querem respostas sobre o andamento dos programas de moradias”, disse o movimento em nota.
De acordo com o coordenador Leopoldo Nascimento, a recuperação das áreas afetadas avança lentamente. Ele afirmou que o ato é uma forma de as famílias serem vistas e reivindicar o diretor de uma moradia em terreno seguro.
Além das perdas materiais, Leopoldo afirma que a tragédia tem causado impactos profundos na saúde mental e no bem-estar das comunidades, o que agrava ainda mais a situação de vulnerabilidade das famílias. “Se chove eu não consigo dormir, não consigo botar a cabeça no travesseiro para descansar. Fico muito preocupado pensando que pode vir uma chuva igual àquela de maio”, desabafou Nascimento.
Luciane Feijo disse que estava participando da ação para “reivindicar seus direitos de assentamento digno e participação popular no processo do programa federal. Ivani Rodrigues observou que a sua casa sempre sofreu com alagamento ao longo de 40 anos, mas que o registrado o ano passado foi mais severo impossibilitando a permanência na residência, que foi condenada pela Defesa Civil. Ela contou que está no seu último mês de aluguel social e não sabe como vai fazer para conseguir um local para morar. “Não tenho condições de comprar, a gente precisa de uma moradia nova”, afirmou.