Funcionário de CRVA ligado ao Detran é alvo da Polícia Civil por suspeita de envolvimento com facções

Outros dois suspeitos que atuavam com despachantes também são investigados

Delegacia de Investigação de Crimes Carcerários investiga esquema coordenado por facções gaúchas |Foto: Polícia Civil

A Polícia Civil efetuou, nesta quinta-feira, mandados de busca e apreensão na casa de um funcionário de um Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA), vinculado ao Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS). Além dele, medidas do tipo também ocorreram em residências de dois despachantes. O trio é suspeito de operar a mando de facções gaúchas.

Sob comando da Delegacia de Investigação de Crimes Carcerários (Dicar), da Coordenadoria de Recursos Especiais da PC (Core), a ofensiva teve apoio da Corregedoria do Detran. O objetivo da ação foi combater delitos de fraude, peculato, estelionato e associação criminosa.

De acordo com a apuração policial, os suspeitos seriam financiados por lideranças do crime organizado. O esquema incluiria a legalização de veículos com placas clonadas, registro de carros e informações inexistentes, transferência forjada de automóveis a integrantes de grupos criminosos e inserção de dados falsos nos sistemas do Estado.

Ainda conforme a investigação, os carros adquiridos por facções ainda eram aprovados por meio de vistorias fraudulentas. A partir da modificação das características dos veículos, o objetivo era legalizar e comercializar veículos roubados como se estivessem em situação regular.

Um dos suspeitos é coordenador de um CRVA em Xangri-Lá, no litoral Norte. Ele foi afastado do serviço. Já os outros dois alvos, atuariam como despachantes em municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Pedidos de prisão preventiva chegaram a ser encaminhados à Justiça. As solicitações, porém, não foram atendidas, sob o argumento que os crimes apurados não envolvem violência.

O delegado Marco Souza, responsável pela investigação, aponta que os suspeitos eram financiados por diferentes facções. No caso, o recebimento dos valores ocorria de modo separado por cada serviço encomendado. Líderes do tráfico, que estão no sistema prisional, seriam responsáveis por coordenar o estratagema.

“Consideramos que a investigação é o começo da ‘sangria’ de uma rede criminosa de grandes proporções. O próximo passo será mapear todas as penitenciárias em que detentos participavam do esquema. Nenhuma unidade prisional no RS é descartada na apuração”, afirmou Marco Souza.