Filas, lixo e insegurança: a rotina de quem precisa aguardar pelo ônibus fretado da Trensurb à noite

Usuários do sistema metroviário relatam dificuldades na espera pelo transporte da operação Trilhos Humanitários, no Centro Histórico de Porto Alegre

Usuários do serviço metroviário precisam dividir a calçada com pilhas de lixo e conviver com longas filas para acessar o ônibus fretado pela Trensurb | Foto: Fabiano do Amaral

Seja para voltar para casa como para ir ao trabalho ou estudos, quem precisa sair da Capital para utilizar o transporte metroviário da Trensurb, principalmente depois das 18h, enfrenta uma série de dificuldades. A longa fila, que dobra a esquina da avenida Júlio de Castilhos com a rua Vigário José Inácio já faz parte da rotina. Entretanto, a partir do início da noite, alguns elementos tornam a espera pela baldeação do Centro Histórico de Porto Alegre até a estação Mathias Velho, em Canoas, uma jornada insalubre.

Além da fila e do intervalo de até 20 minutos entre um ônibus e outro, registrado por volta das 20h, os usuários do transporte metroviário precisam driblar o lixo, o mau cheiro e a sensação de falta de segurança. Em alguns pontos a fila chega a dividir a calçada com os resíduos. Segundo Thayanne Peruzzo, moradora de Esteio e usuária do serviço, esta situação é registrada diariamente após as 18h e, além do lixo, o mau cheiro também é um desafio para quem aguarda o ônibus.

“Tanto aqui na Júlio (de Castilhos) como na Vigário (José Inácio) sempre tem muito lixo. Raramente é limpo, e o cheiro é muito forte, principalmente quando tem pessoas mexendo no lixo. Normalmente quando eu chego na fila, ela está dobrando a rua. E sempre que eu chego, o lixo está jogado no chão. Também dá uma sensação de insegurança, pois não passam agentes de segurança aqui”, relatou Thayanne.

Já para Rose Souza, moradora de Sapucaia do Sul, é a sensação de insegurança que preocupa mais durante a espera à noite. Existe no local uma barraca da Trensurb, localizada próximo onde o ônibus para, com servidores da empresa. Entretanto, a usuária do metrô cita que há pouca vigilância ao longo da fila, que por vezes dobra a esquina, fugindo do alcance de onde os servidores estão.

“Aqui é mais fácil de nos assaltarem. E também não tem um lugar coberto para nos proteger em dias de chuva. Tem muito lixo tanto na Vigário como na Júlio. No Mercado Público era mais fácil para nós usuários, pois tinha um acesso mais facilitado e era mais movimentado. Aqui é realmente muito inseguro”, completou Rose.

Mudança de ponto e limpeza

Procurada sobre a reclamação dos usuários, a Trensurb destacou que não esteve presente na escolha pela troca do local de embarque e desembarque dos ônibus da operação Trilhos Humanitários. Segundo a empresa, a mudança ocorreu por determinação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). O terminal que liga o Centro Histórico à estação Mathias Velho está localizado na avenida Júlio de Castilhos desde o dia 19 de agosto e seguirá sendo utilizado com o retorno das operações até a estação Farrapos.

A única alteração, conforme a Trensurb, é que haverá uma parada na estação São Pedro ao longo das viagens de ida e volta. Enquanto as operações na estação Farrapos estavam suspensas, o ônibus fretado pela empresa pública partia diretamente, sem paradas, até a estação Mathias Velho.

Já a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, por meio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), informou que, após as denúncias, realizou uma vistoria na área apontada pelos usuários e constatou que o local é alvo de descarte irregular de resíduos recicláveis. O DMLU reforçou que o local passa frequentemente por limpeza, além da coleta do lixo, mas que intensificará a fiscalização nos próximos dias após a denúncia feita pela reportagem.

“A Coleta Seletiva é oferecida três vezes por semana no endereço, nas terças, quintas e sábados, a partir das 18h, mas os estabelecimentos do entorno não têm respeitado a rotina do serviço, colocando na via pública os materiais fora do regramento permitido. Os recicláveis devem ser disponibilizados apenas nos dias e horários da realização da coleta, junto ao alinhamento de cada imóvel, e não dentro ou ao lado dos contêineres. Lembramos que a disposição incorreta de recicláveis nos contêineres é infração grave, com multa de cerca de R$ 3,7 mil”, completou a pasta.

Já a Brigada Militar (BM) reforçou que, na área do 9º Batalhão de Polícia Militar, que abrange o Centro Histórico, há pontos de base da BM onde há estações, como na Mercado e na Rodoviária. Ainda conforme a polícia, são realizadas inúmeras operações com identificação de pessoas e ações de repressão a partir de suspeita fundada. A BM também destacou que a área Central de Porto Alegre vem registrando redução histórica dos índices criminais.