A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros em 0,25 pontos percentuais, levando a Selic para 10,75% ao ano, foi um movimento esperado. A surprema mesmo foi com a queda de 0,50 ponto percentual praticada pelo Federal Reserve, o banco central norte-americano, colocando a taxa de juros americana entre 4,75% e 5%.
“Eu fiquei surpreendido pelo 0,50 ponto percentual do Fed. Imaginei que os EUA iriam mais devagar, com 0,25 ponto percentual. Não que eu não apoie o 0,50, mas do mesmo jeito que eles foram bem conservadores para subir, eu achei que eles seriam conservadores pra descer”, comenta Bruno Corano, da Corano Capital e idealizador do Imigre America.
Já no Brasil só se confirmou o esperado, com destaque para o fato de ter sido uma decisão unânime, com voto de Eduardo Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central e próximo presidente da autoridade monetária. As decisões de juros hoje, no Brasil e nos Estados Unidos, mostram como as economias estão em direções opostas.
“Enquanto o Brasil, por não ter feito a sua lição de casa, está sofrendo, em relação, principalmente, ao equilíbrio fiscal, uma pressão do sistema para que eleve os juros, para tentar manter sob controle a demanda e, especialmente, o câmbio, além de liquidez no mercado, os Estados Unidos, mais uma vez, por estarem fazendo melhor a sua lição de casa, caminham no sentido oposto de reduzir os juros e começar uma fase de maior aquecimento econômico, depois de ter praticamente atingido a meta da inflação”, aponta Corano.