A expectativa para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que começa na manhã desta terça-feira, 18, deverá reverter – ainda que parcialmente – o processo de moderação da taxa básica de juros, realizando um modesto ajuste com o objetivo de tornar o nível de restrição monetária algo mais elevado ao longo dos próximos dois a três trimestres. A interpretação é dos analistas Mauricio Fontana e Daniel Bozz, da equipe do Banrisul.
Conforme eles, a decisão é justificada diante da deterioração adicional e da, por ora persistente, desancoragem das expectativas de inflação em prazos mais longos, além dos recorrentes indícios de resiliência do mercado de trabalho doméstico e do ritmo de expansão da atividade econômica no País.
Para eles, os dados de inflação corrente, sejam mensais ou acumulados em 12 meses, devem voltar a exibir um comportamento relativamente menos benigno. Isto é resultado da materialização de alguns fatores de risco relevantes, embora deva se confirmar o início de um ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, vis-àvis a gradual desaceleração da atividade econômica global.
EXPECTATIVA
“Nossas projeções hoje apontam para duas altas consecutivas da taxa Selic, em setembro e em novembro, ambas de 0,25 ponto percentual, o que levaria a taxa básica de juros ao patamar de 11% ao ano ainda em 2024. É fundamental notar que o principal fator de moderação do IPCA de agosto foi a queda nos preços de energia elétrica, item que já teve anunciada a nova bandeira tarifária e, nos próximos meses, deve representar motivo de elevada preocupação diante do quadro hidrológico atual”, dizem os analistas.
Os dados do IPCA de agosto parecem, apesar da módica deflação, corroborar nossa atual projeção para a taxa Selic dos próximos três trimestres. Em relação ao comportamento dos preços ao consumidor brasileiro, os analistas do Banrisul dizem que o IPCA deverá encerrar 2024 com uma elevação acumulada de 4,39%, desacelerando gradualmente até uma alta de 3,71% em 2025. Ao mesmo tempo, projetamos que o PIB do País deva alcançar expansão de 2,7% em 2024 ante 2023, com uma provável moderação em 2025, quando deve crescer cerca de 1,9%