Diversas decisões de política monetária devem marcar a semana entre os dias 16 e 20 de setembro, que tende a ser bastante movimentada e será, além da Super Quarta, a Super Semana com a decisão de taxa de juros de cinco Bancos Centrais: dos EUA, do Brasil, do Japão, da China e do Reino Unido. A quarta-feira, 18, será o dia a ser acompanhado de perto pelos investidores, já que o Federal Reserve (Fed) deve dar início ao ciclo de flexibilização monetária. No mesmo dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro deve começar a apertar adicionalmente a taxa Selic, segundo estimativa de analistas.
“Cada Banco Central tem suas dores e dilemas para os próximos passos da sua política monetária. Enquanto o Fomc deve iniciar o ciclo de corte de juros nos EUA e o Banco Popular da China (Pboc, em inglês), o Banco do Japão (BoJ) e o Banco da Inglaterra (BoE) devem mantê-las, o Copom deve elevar a taxa básica Selic no Brasil. Segue abaixo o contexto e a expectativa de decisão dos bancos centrais do Brasil, EUA e Japão”, comenta Leandro Manzoni, da plataforma Investing.com.
O Comitê de Política Monetária (Copom) começa sua reunião amanhã, terça-feira, 17, e termina na quarta-feira, 18, para decidir o rumo da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano e com tendência de alta para 10,75%. A decisão será publicada na quarta após as 18h30. Embora muitos economistas vejam como exagerada uma alta na taxa Selic em meio ao início de flexibilização monetária nos EUA e em outras economias avançadas, o mercado trabalha com fatores internos que corroboram o início de um aperto monetário no Brasil.
A combinação de uma atividade econômica e uma inflação de serviços acima do projetado, com uma expectativa de inflação acima do centro da meta de 3% em meio a um dólar com alta acumulada de quase 15% em 2024, negociado na casa de R$ 5,55 e R$ 5,65, está no balanço de riscos do Copom e foram confirmados com os indicadores divulgados desde a última reunião do colegiado em julho, entre os quais o PIB do segundo trimestre com alta de 1,4%, mesmo sob uma deflação em agosto.
Outros dois fatores estão pesando para uma alta da Selic. O primeiro são os efeitos da política fiscal sobre a precificação dos ativos financeiros no mercado. O colegiado avalia, segundo a última ata e comunicado, que o desequilíbrio fiscal com aumento do endividamento público está impactando no preço dos ativos com aumento dos prêmios de risco, o que prejudica a política monetária e exige uma política monetária mais restritiva para que a taxa básica não fique atrás da curva de juros futura. “As últimas declarações do governo federal de aumentar a isenção do piso de rendimento no pagamento do imposto de renda, a continuação na busca de aumentos de impostos e o financiamento de um programa social (o Auxílio-Gás) fora do orçamento público aumentam a incerteza do mercado em relação à trajetória da dívida”, argumenta Manzoni.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já indicou que haverá revisão no planejamento de receita com a frustração das receitas não-realizadas por meio do Carf, com grande possibilidade de novo contingenciamento e bloqueio de despesas. Outro fator que pesa para a alta da Selic é a transição no BC. O nome indicado pelo Palácio do Planalto para substituir Roberto Campos Neto a partir do ano que vem, Gabriel Galípolo, está com um discurso considerado duro para mostrar, segundo alguns economistas, a sua autonomia em relação ao Planalto – crítico feroz da atual gestão monetária -, o que acabou contratando essa alta, mesmo com Campos Neto suavizando o tom de aperto de Galípolo.
EUA
Nos Estados Unidos, a decisão do Fed também é aguardada com atenção e há alguma divisão no mercado sobre a magnitude do corte nos juros. As apostas majoritárias apontam para uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa dos Fed funds, que hoje está entre 5,25% e 5,50%, mas há quem espere um corte maior, de 0,5 ponto.
Durante a semana, sem data certa, serão conhecidos os dados de arrecadação de impostos e contribuições pela Receita Federal aqui no Brasil. Há expectativa também de publicação do relatório fiscal bimestral. A área econômica sustenta que seria importante que o governo bloqueasse um adicional de R$ 10 bilhões em gastos.