Ítalos-gaúchos estão reunidos no Plenarinho da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, para o Encontro da Comunidade Italiana do RS. A programação, que se estende até o final desta segunda-feira, foi organizada pelo Comitê dos Italianos no Exterior (Comites/RS). Na pauta das atividades está a divulgação do calendário comemorativo preliminar dos 150 anos da imigração italiana no Estado, a serem comemorados em 2025.
Em entrevista para o Correio do Povo, a presidente do COMITES-RS, Cristina Mioranza, destacou a reativação do Comitê, que está profundamente envolvido em uma programação que visa não apenas celebrar essa data, mas também fortalecer o entendimento da identidade italiana no Rio Grande do Sul.
Cristina enfatizou a profunda conexão emocional que os descendentes de italianos têm com a Itália, e sublinhou que a chegada dos italianos Serra Gaúcha foi fundamental na construção do Estado. A presidente afirmou que o sentimento de pertencimento é quase inexplicável.
O comitê, segundo a presidente, ficou “adormecido” após o auge de valorização da cultura italiana nos anos 90 e início dos anos 2000. Ela considerou que a situação melhorou com a nova gestão do Consulado-Geral da Itália em Porto Alegre, que resolveu problemas significativos, como atrasos na emissão de passaportes e processos de cidadania. Essa renovada atenção tem gerado um novo cenário para os descendentes italianos no Rio Grande do Sul.
A integrante do Conselho Geral dos Italianos no Exterior (CGIE), Stephania Puton observou que o evento é muito representativo para a comunidade gaúcha por ser o primeiro em 30 anos, e mencionou a relevância e crescimento do Comites/RS, como um órgão que conecta cidadãos italianos com o consulado e associações.
Stephania é a primeira representante gaúcha a ocupar um cargo no CGIE e considerou a força da comunidade italiana no Brasil e, principalmente, no Rio Grande do Sul: “É meia Itália fora da Itália”, disse explicando que atualmente no Rio Grande do Sul são 120 mil cidadãos italianos reconhecidos e 4 milhões de descendentes no Rio Grande do Sul. No Brasil são 30 milhões de descendentes e aproximadamente 900 mil cidadãos são reconhecidos no país. Já os cidadãos italianos residentes, com cidadania são 900 mil, e os que teriam direito a cidadania italiana são 30 milhões.
Stephania também falou sobre a resposta da Itália às enchentes no Rio Grande do Sul, e observou que a ajuda na reconstrução do Estado começou ainda no período crítico das enchentes, com a ajuda humanitária enviada e com a visita do presidente Sergio Mattarella. Sobre as ações previstas para contribuir com essa nova fase do RS está a vinda de técnicos da proteção civil italiana que chegarão no Estado, em dezembro, em um evento promovido pelo Governo e Consulado Italiano. Além da ajuda econômica vinda Vêneto. Quase 60% da população da comunidade ítalo-gaúcha é dessa região do nordeste da Itália.
O presidente da Frente Parlamentar Brasil/Itália, o deputado Guilherme Pasin, observou que a reunião da comunidade italiana no Rio Grande do Sul, na Assembleia Legislativa, é um grande avanço. Ele observou que a Frente Parlamentar está trabalhando junto na construção da agenda das comemorações dos 150 anos e apresentou o projeto de lei, protocolado na Casa Legislativa, que reconhece o Sesquicentenário da imigração italiana no Rio Grande do Sul como de relevante interesse cultural ao Estado. “Esse é um marco histórico que abre possibilidades para que este calendário seja organizado junto ao governo do Estado, com recursos inclusive do Fundo Estadual de Cultura. Mas muito mais do que isso, ressalta a relevância da contribuição dos italianos no contexto de desenvolvimento, de organização, de construção e, porque não, de reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul”, disse.