Sindicato descreve situação crítica nos presídios do RS

Presidente do Sindppen afirma que sistema penal está prestes a implodir; Nesta terça, governo gaúcho garantiu aprovação de projeto que reestrutura carreiras da segurança

Sindicato da Polícia Penal aponta problemas com aumento da massa carcerária | Foto: Rafa Marin/Ascom Polícia Penal/CP

“O sistema penal é questão de dias para implodir de dentro para fora e quem vai pagar é a sociedade.” Esse foi o depoimento do presidente do Sindicato da Polícia Penal (Sindppen-RS), Cláudio Dessbesell, no programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, nesta terça-feira.

“Estamos muito próximos de acontecer o mesmo de 30 anos atrás, quando (Dilonei) Melara e sua facção foram parar dentro do (hotel) Plaza São Rafael. Só tinha oito agentes quando se deu aquela situação. O colapso está aí. É questão de dias para ocorrer a grande tragédia no sistema penal e quem vai pagar o preço pela violência vai ser a sociedade”, declarou, citando a fuga do Presídio Central de Porto Alegre, em 1994.

Ao Correio do Povo, ele detalhou a situação dos presídios. “Há 10 anos, a massa carcerária era de 23 mil. Hoje, está em 44 mil. Temos presídios extremamente sucateados, cadeias da década de 1940 onde a porta é de madeira com arco de ferro”.

A manifestação foi feita durante a sessão da Assembleia que aprovou o projeto de mudanças na segurança pública. Proposta esta que ele criticou. “O governo está fazendo uma gestão somente para os cargos de chefia, os CCs, que vão ter aumentos. O servidor, que segura o estabelecimento penal e trabalha no fundo da cadeia, está renegado”.

Ele ressaltou ainda que o problema reflete na saúde mental dos servidores. “Estamos, como categoria, adoecidos. No último ano, quatro colegas cometeram suicídio”, relatou o presidente do Sindppen, complementando as dificuldades financeiras que fazem parte do dia a dia da categoria. “Somos comparados ao soldado combatente em estado de guerra, psicologicamente, pela Organização Internacional do Trabalho (das Nações Unidas)”, acrescentou.

O projeto do Executivo prevê a contratação de 500 agentes penitenciários, 50 agentes penitenciários administrativos, além da criação de 207 funções gratificadas. Outra medida é a redistribuição do quadro de vagas de técnico superior penitenciário entre os graus (reestruturação da carreira). O impacto previsto pelo Executivo com essas medidas é de R$ 103 milhões no período de dois anos.