Sem X, candidatos à prefeitura de Porto Alegre direcionam esforços para outras plataformas

Principal rede social não era o foco os postulantes, mas suspensão intensificou distribuição de conteúdo em outros meios

Perfis dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre no Threads, por ordem de seguidores | Foto: Reprodução / CP

Apesar de ser uma rede social que aproxima políticos e seu eleitorado há mais de 10 anos, a suspensão do X (antigo Twitter), na última sexta-feira, não impactou diretamente as estratégias de comunicação entre candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Isso ocorre porque eles já demandaram o foco em outra plataforma.

Para quem acompanhava o noticiário político nos últimos dias e viu a batalha jurídica sendo travada entre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o empresário Elon Musk, dono da rede social, a suspensão da plataforma não foi uma surpresa. A medida, determinada por Moraes, ocorreu em função do não cumprimento por parte de Musk de indicar novo representante do X no Brasil.

Atentos aos movimentos, estrategistas de algumas das campanhas ao Paço, como a do prefeito Sebastião Melo (MDB), que tenta reeleição, e a de Juliana Brizola (PDT), já indicavam – e agora vão intensificar – a utilização do Threads. A rede social, ligada ao Instagram (da empresa Meta), é bem semelhante ao X, permitindo que o usuário possa compartilhar textos de até 500 caracteres e participar de conversas públicas.

Já outros candidatos não pretendem abrir novas contas, como Maria do Rosário (PT) e Felipe Camozzato (Novo), ou “migrar” as publicações. Ambos têm contas ativas nos Threads e têm feito atualizações nos últimos dias.

O X era utilizado pelos candidatos como um bom meio para expor posicionamentos e de manter contato com a imprensa, mas não era a principal rede – por isso, sua suspensão não deve impactar de forma crucial a comunicação de nenhum dos quatro. Segundo levantamento do Nexo, em 2024, o X (antigo Twitter) caiu de 3º para 5º colocado entre as redes sociais mais utilizadas pelas campanhas.

Apesar disso, para alguns – como Rosário, o X era uma rede social com certo apego. Halley Arrais, marqueteiro da campanha petista, explica que a própria candidata o utilizava, mas a mensagem passada já era para um “eleitor mais duro”, ou seja: que não pretende mudar de voto. O que não é o objetivo em uma eleição.

Assim, a tática dos estrategistas é intensificar a distribuição de conteúdo naquela que é a principal plataforma das quatro campanhas: o Instagram. A rede é a que melhor possibilita o engajamento e distribuição de conteúdos para além de bolha, muito em função da possibilidade de utilização do tráfego pago. “Para manter o alinhamento, no Threads, mas com reforço maior – que tem mais capilaridade – no Instagram e Facebook”, resumiu Luiz Otávio Prates estrategista da campanha de Melo.

A mesma linha deve ser seguida pelo time de Juliana Brizola, afirmou o Paulo Loiola, marqueteiro da campanha pedetista. A equipe de Camozzato já afirmou que, quando possível, pretende continuar utilizando a rede.

No que diz respeito a seguidores, também é no Instagram onde os candidatos possuem os maiores números, a exceção de Rosário. A petista tinha 512 mil seguidores no X para 272 mil no Instagram. Sebastião Melo vinha em seguida, com 58,5 mil no X e com 110 mil seguidores no Instagram; seguido de Camozzato, com 35,1 mil no X e 77,6 mil e Juliana, com 41,4 mil no X e 49 mil no Instagram. Os números foram fornecidos pelas respectivas assessorias.