Gastos com saúde mental desorganizam as finanças dos brasileiros, revela pesquisa

No Sul, 48,6% admitem que já sofreram ou sofrem com algum problema de saúde mental

O objetivo do PL é a incorporação desses valores pelo Tesouro Nacional após 30 dias da publicação da lei | Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil / CP

Despesas com assistência psicológica já ocupam a sexta posição nas prioridades de gastos das famílias brasileiras, à frente de custos com automóveis e educação. É o que revela pesquisa feita pela Serasa e pelo Instituto Opinion Box, que ouviu 1.766 consumidores de todo o país. Na Região Sul, 48,6% das pessoas admitem que já sofreram ou sofrem com algum problema de saúde mental. A ansiedade e o estresse são os mais comuns.

No Sul, estar com nome negativado (28%) e possuir renda insuficiente para cobrir todos os gastos (27,6%) estão os principais problemas financeiros apontados. Ao serem consultados, 44,8% das pessoas acreditam que a situação negativa de suas finanças pessoais impacta muito na sua ansiedade, além de prejudicar sua qualidade de vida (43,3%) e sua autoestima (43,1%).

Além disso, muitas pessoas acreditam terem desenvolvido algum tipo de problema relativo à saúde mental ou algum tipo de comportamento diferente por conta de problemas financeiros. 38,9% dos entrevistados admitem ter picos de estresse com muita frequência, 36,7% reconhecem ter cansaço e desânimo também com muita frequência e 34,3% dizem ter dificuldade para dormir.

No que se refere às relações pessoais, 35,7% dos entrevistados da região dizem que evitam ter conversas sobre dinheiro, 33,5% admitem sentir-se mal por pedir dinheiro emprestado à familiares e/ou amigos e 26,8% afirmaram que se isolam para evitar contatos. Quanto aos problemas financeiros terem causado também problemas no trabalho, 44,3% dos entrevistados afirmam que trabalham apenas pensando nas contas a pagar, 33,8% reconhecem que pensam em realizar outra atividade para ter renda extra e 25,2% admitem ter falta de motivação para trabalhar em função das preocupações.

Ainda sobre problemas financeiras causarem também problemas no trabalho, 48,4% dizem que não conseguem pedir ajuda por achar que resolveriam tudo sozinhos,  44,1% têm medo do futuro, 38% disseram que se sentem preocupados a maior parte do tempo e 37,7% disseram que perderam o interesse em coisas que gostavam de fazer. 26,4% admitem que os problemas de saúde mental geram novos gastos com medicamentos, sendo que 36,2% gastam até R$ 300 por mês, valor que pode atingir 10% da renda mensal para 54,7% dos entrevistados.

O acúmulo de dívidas (54,1%) e a desorganização financeira (53,4%) são apontadas como as principais dificuldades enfrentadas em decorrência dos problemas de saúde mental e 53,8% acreditam que menos estresse pode levar a decisões financeiras mais ponderadas.

PERDAS

Em um país com mais de 72 milhões de inadimplentes, as consequências das dívidas extrapolam o âmbito econômico. A pesquisa aponta que 5 em cada 10 brasileiros que já passaram por problemas de saúde mental também enfrentaram dificuldades financeiras. Os problemas com dinheiro se refletem, especialmente, na qualidade de vida (64%), causando picos de estresse, cansaço e insônia. Os entrevistados ainda relatam impactos relacionados a ansiedade (60%), autoestima (57%) e na qualidade do sono (55%).

Nas relações interpessoais, os efeitos se mostram igualmente presentes: 72% sentem-se mal por pedir dinheiro emprestado para familiares e amigos. Além disso, sete em cada 10 pessoas afirmam evitar conversas sobre dinheiro e 61% preferem isolar-se, afastando-se de amigos.