O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil do 2º trimestre, que será divulgado na terça-feira, 3 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 3, e os dados do mercado de trabalho nos EUA ao longo da semana são os principais indicadores econômicos que prenderão as atenções dos investidores na primeira semana de setembro. E a preocupação tem relação direta com cenários que podem interferir na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que acontece nos dias 17 e 18 deste mês, e que se juntarão a outros, como a decisão de estabelecer bandeira vermelha para a conta de luz dos consumidores em função da falta de chuvas. No exterior, os dados dos EUA deverão afetar a decisão do Federal Reserve (Fed) também sobre a taxa de juros.
No caso brasileiro, os números devem comprovar uma atividade econômica acima do projetado no começo do ano, quando as estimativas eram de uma expansão de menos 2% no PIB em 2024. No último Boletim Focus, as projeções já chegam a um crescimento de 2,43% no PIB, com tendência de alta. Conforme Leandro Manzoni, analista da plataforma Investing.com, o PIB do Brasil no segundo trimestre não sentiu os efeitos negativos da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul no fim de abril e começo de maio. “A ajuda financeira do governo federal às famílias, empresas, municípios e ao Estado do RS deve ter se sobreposto às perdas inicialmente calculadas”, diz.
Caso o PIB do segundo trimestre venha forte e acima do consenso do mercado, aumentam as chances de início de um aperto monetário de 25 pontos-base na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), elevando a taxa Selic de 10,5% para 10,75%. A mediana das projeções de analistas apontam para uma alta de 2,8%. O cenário que embasa a alta da Selic não se restringe a uma atividade mais robusta.
“Acaba se somando a outros fatores, como deterioração da expectativa de inflação para os próximos 18 meses, mercado de trabalho robusto com massa de rendimentos em alta próximo ao topo histórico, política fiscal expansionista com aumento do endividamento público e alta do dólar diante da volatilidade externa em relação a incertezas internas com a trajetória fiscal e a independência do BC com o nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suceder Campos Neto a partir do ano que vem. Além de adiamentos do início dos cortes de juros pelo Fed nos EUA, que deve iniciar na reunião de setembro.
A dúvida no exterior é se o Fed inicia a flexibilização monetária com um corte de 25 pontos-base ou meio ponto percentual. A inflação se encaminha para a meta de inflação de 2%, com o último dado do PCE – indicador de inflação preferido do Fed – caindo de 2,6% para 2,5% em julho. Com isso, o balanço de riscos se encaminha para o mercado de trabalho, já que o Fed tem um duplo mandato na condução da política monetária: estabilidade de preços e busca do pleno-emprego. A taxa de desemprego está se elevando no mercado de trabalho nos EUA, atualmente em 4,3% na leitura de julho.
Diante dos dados da segunda prévia do PIB dos EUA do 2º trimestre mais forte do que o esperado, e superior ao da primeira leitura, o início dos cortes se encaminha para 25 pontos-base. Os dados do mercado de trabalho serão decisivos para pavimentar essa magnitude dos cortes, especialmente a geração de empregos e a taxa de desemprego, que serão divulgados na sexta-feira.
CALENDÁRIO
Entre os demais indicadores que serão divulgados na semana, destaque para o IPC-S pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), junto com o Boletim Focus do BC nesta segunda-feira, 02. Na terça-feira, 3 será a vez de dados sobre emplacamento de veículos da Fenabrave. Na quarta-feira, 4, sai a Pesquisa Industrial Mensal do IBGE.
Na quinta-feira, 5, a Anfavea divulga os números sobre produção e venda de veículos e a balança comercial do Brasil. A semana termina na sexta-feira, 6, com os dados do IGP-DI da FGV.