Semana com dados que podem solidificar direção da política monetária dos EUA

Entre os indicadores está o de preços de gastos com consumo nos EUA

Crédito: Agência Gov.BR

Após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole dar sinais sobre o início da flexibilização monetária nos Estados Unidos, o mercado financeiro acompanhará de perto os números do índice de preços de gastos com consumo, o chamado deflator do PCE, cuja leitura de julho será publicado na próxima sexta-feira, 30.

O indicador é o mais utilizado pelo Fed para medir os rumos da inflação americana. Embora o foco agora seja a saúde do mercado de trabalho dos Estados Unidos, um dado de preços que supere ou fique aquém das expectativas pode ajudar a definir se o banco central americano deve optar por um corte de juros mais contido em setembro, de 0,25 ponto percentual, ou iniciar o ciclo de flexibilização com uma redução de 0,5 ponto percentual.

“A premissa nos EUA, na avaliação dos membros do Fed, é que a inflação se encaminha para a meta de inflação de 2% ao ano, mas observam riscos em relação a uma piora no mercado de trabalho. Vale lembrar que o Fed tem um duplo mandato de controle de preços e a busca pelo pleno-emprego, e o balanço de risco se deslocou para o mercado de trabalho. Nesta semana, houve uma revisão de queda com redução de 800 mil vagas de trabalho criadas em 12 meses até março de 2024, enquanto há uma elevação paulatina da taxa de desemprego”, comenta Leandro Manzoni, analista da plataforma Investing.com.

O objetivo do Fed é iniciar uma flexibilidade monetária que leve a uma “desaceleração organizada” da economia americana. Na próxima quinta e sexta-feira serão conhecidos, respectivamente, a 2ª prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do 2º trimestre e o índice de preço dos gastos de consumo (PCE, na sigla em inglês) de julho, o indicador de inflação preferido do Fed.

PIB

Em relação ao PIB, a primeira apontou uma aceleração do crescimento entre abril e junho deste ano de 2,8% em relação ao mesmo período de 2023, acima da projeção de 2% do mercado e da expansão de 1,4% no primeiro trimestre. A expectativa do mercado é de manutenção do crescimento do PIB do 2º trimestre de 2,8%. Um número abaixo da projeção reforça a expectativa de que o Fed pode iniciar o corte de meio ponto percentual em setembro, enquanto um dado igual à projeção ou superior deve indicar expectativa de um corte de 25 pontos-base.

Na sexta-feira, a perspectiva é de uma aceleração na base mensal do PCE de julho, de 0,1% para 0,2%, enquanto o núcleo, que exclui o preço de itens voláteis como alimentos e energia, deve se manter em 0,2%. Se os dados vierem abaixo desse consenso, haverá crescimento nas expectativas de corte de meio ponto percentual na taxa de juros em setembro. No entanto, é importante observar outros dados que saem na sexta-feira, como renda e gastos pessoais.