Uma facção que movimentou R$ 7 milhões através do tráfico em presídios gaúchos foi alvo da Polícia Civil, nesta quarta-feira, durante a segunda fase da Operação Nemeia. A ofensiva resultou em 45 pessoas presas. Também foram efetuadas 59 ordens de busca, além do bloqueio de contas bancárias e seis sequestros de veículos, em Porto Alegre, Encantado, Canoas, Eldorado do Sul, Charqueadas, Bento Gonçalves e Novo Hamburgo.
A ação foi coordenada pela 4ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (4ªDIN/Denarc). De acordo com o órgão, o esquema veio à tona após a primeira etapa da operação, deflagrada no dia 25 de julho de 2023 contra um grupo criminoso com base na bairro Bom Jesus, na zona Leste da Capital. Na data, foram apreendidas drogas, armas, munições e cadernos com anotações do crime organizado.
Os desdobramentos do caso revelaram que dois suspeitos controlavam o comércio ilegal de entorpecentes no interior de galerias na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC), Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ) e na Cadeia Pública de Porto Alegre, como é chamado o antigo Presídio Central, que atualmente está interditado devido a reformas.
A apuração policial também constatou que o lucro do tráfico nos presídios era repassado a uma rede de pessoas, que era responsável por um processo de lavagem de dinheiro. Os valores eram injetados em estabelecimentos de fachada que aparentavam funcionar como padarias, salões de festa, restaurantes e revendas de automóveis.
Outro método utilizado para maquiar o dinheiro era a compra de carros, motocicletas e imóveis. A prática tinha o objetivo de pulverizar o montante ilícito sem deixar lastro.
A estimativa é que, desde o segundo semestre do ano passado, ao menos R$ 7 milhões foram movimentados a partir do tráfico de drogas no sistema prisional. Isso porque o fato dos entorpecentes serem traficados em um ambiente de difícil acesso, permitiu que os suspeitos cobrassem alto valor pelas drogas, o que acabou gerando movimentação milionária de capital ilícito.
O título da Operação Nemeia se deu porque a facção investigada denomina seus integrantes de “leões”. Em paralelo, na mitologia grega existe a figura de um leão que aterrorizava moradores de uma localidade chamada Nemeia. Por isso o nome da ofensiva faz referência ao temor imposto pela facção aos moradores no bairro Bom Jesus.