Ao alcançarem US$ 1,4 bilhão em julho, as exportações da Indústria de Transformação gaúcha tiveram uma redução de 5,3% na comparação com o mesmo mês de 2023. De acordo com o levantamento realizado pela FIERGS, com base nos resultados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a decomposição da receita aponta que o movimento foi influenciado pelo desempenho negativo dos preços médios (-2,8%) e das quantidades (-2,5%).
Dos 23 segmentos exportadores da Indústria de Transformação gaúcha, somente nove apresentaram incremento em suas vendas para o mercado externo. A maioria dos embarques ocorreu pelo Porto de Rio Grande: US$ 898,5 milhões, ou 62,5% do total do setor. “Ainda sofremos os reflexos das enchentes de maio, quando produções estiveram paralisadas ou foram prejudicadas. A infraestrutura logística do Estado também está longe de ser completamente recuperada.
Além disso, o cenário internacional está menos aquecido, o que também contribui para esta queda. Isso preocupa porque a reconstrução que o Estado necessita está diretamente ligada à recuperação do setor industrial”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Claudio Bier.
EXPORTAÇÕES
Alimentos faturou US$ 485,2 milhões com exportações em julho, US$ 68,2 milhões a menos (-12,3%) do que no mesmo período do ano anterior. Tanto os preços médios (-0,5%) quanto as quantidades (-11,9%) caíram, ainda que o efeito da quantidade exportada tenha sido o preponderante para explicar o resultado de julho. Dentre os ramos que compõem o segmento, os produtos de Óleos vegetais em bruto (US$ 198,8 milhões, -US$ 26,8 milhões) foram enviados principalmente para o Irã. Em segundo lugar, o Abate de aves (US$ 109,4 milhões, -US$ 27,5 milhões), apesar do caso da Doença de Newcastle ocorrido em Anta Gorda, teve seus produtos comprados majoritariamente pelos Emirados Árabes Unidos.
O segmento de Tabaco obteve receita de US$ 177,3 milhões com exportações no RS, o que representa uma retração de 30,4% frente a julho de 2023. A redução na safra provocada pelo El Niño influenciou na produção e nos embarques para o mercado externo. Decompondo-se a receita do segmento, os preços médios apresentaram incremento de 28,9%, enquanto a quantidade recuou 46%. O principal ramo exportador foi o de Processamento industrial do tabaco (US$ 169,9 milhões, -US$ 70,9 milhões), que teve seus produtos vendidos principalmente para a Bélgica e para os Estados Unidos.
Celulose e papel, em terceiro lugar, faturou US$ 131,8 milhões com exportações em julho, incremento de 57,4% frente ao mesmo período de 2023. Em relação às importações, o Rio Grande do Sul comprou, em julho, US$ 1,3 bilhão em mercadorias, queda de 1,6% frente ao mesmo período do ano passado. A maioria dos produtos adquiridos pelo Estado foram provenientes do segmento de Químicos (US$ 368,6 milhões ou +9,3%), principalmente os relacionados aos ramos de Intermediários para fertilizantes e Adubos e fertilizantes comprados do Marrocos e da Nigéria.
AEROPORTO SALGADO FILHO
Em relação aos pontos de escoamento da produção gaúcha, no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, houve uma redução de 42,7% no fluxo comercial registrado na Inspetoria da Receita Federal (IRF) nos sete primeiros meses de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023. Tanto as exportações quanto as importações apresentaram quedas significativas. De janeiro a julho de 2024, o Salgado Filho movimentou um fluxo comercial de US$ 116 milhões em produtos, dos quais US$ 18,2 milhões foram de exportações e US$ 97,9 milhões de importações. Os resultados acumulados do fluxo comercial ficam abaixo da média dos últimos três anos.
A Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da FIERGS estima que o fluxo comercial no aeroporto da capital gaúcha nos primeiros sete meses de 2024 está US$ 65,1 milhões, ou 35,9%, abaixo do que seria esperado caso não houvesse a catástrofe climática. Isso corresponde a uma queda de 10,6% frente aos primeiros sete meses de 2023.