A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) que escolheu, por unanimidade, nesta quarta-feira, 31, manter a taxa Selic, os juros básicos da economia, em 10,5% ao ano, dividiu o setor produtivo nacional. Na reunião de junho, o Copom interrompeu o ciclo de cortes de juros iniciado há quase um ano. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião. Em maio, a taxa tinha sido cortada em 0,25 ponto percentual.
Para o economista Oscar Frank, da CDL Porto Alegre, a decisão não se distanciou ao esperado. Entretanto, o que mais chamou a atenção foi o fato de que o cenário como um todo na avaliação do Comitê “demanda acompanhamento diligente e ainda maior cautela”. “Ou seja, um tom claramente mais duro em comparação com o comunicado anterior. Me parece bastante claro que esse é um sinal de que o COPOM manterá a Taxa SELIC estacionada em 10,50% ao ano por bastante tempo, mas que pode, inclusive, voltar a aumentar os juros caso o panorama como um todo piore, como no caso de uma persistência da elevação das expectativas de inflação”, comenta.
Já o economia Gustavo Moraes, da FCDL-RS, a manutenção da taxa Selic costuma ter impactos em 4 a 6 meses de intervalo no mercado de crédito. Para ele, não apenas as pressões inflacionárias mas também a desvalorização do real obriga o Banco Central a tentar defender o real. “Sem um sinal mais consistente de equilíbrio de contas públicas a tendência pode até ser de aumento da Selic em reuniões futuras.