Cenários econômicos justificam manutenção da taxa de juros

Empresários gaúchos destacam que empresas gaúchas sofrem efeitos das enchentes

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A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) que escolheu, por unanimidade, nesta quarta-feira, 31, manter a taxa Selic, os juros básicos da economia, em 10,5% ao ano, dividiu o setor produtivo nacional. Na reunião de junho, o Copom interrompeu o ciclo de cortes de juros iniciado há quase um ano. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião. Em maio, a taxa tinha sido cortada em 0,25 ponto percentual.

Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), a escolha reflete a preocupação com o recente aumento das expectativas de inflação e a incerteza fiscal do governo brasileiro. Para o presidente da FIERGS, Claudio Bier, é um desafio a mais ao setor industrial, vetor importante para ajudar na reconstrução que o RS precisa. “Embora entendamos a necessidade de fazer a inflação ficar dentro da meta, o setor industrial do Rio Grande do Sul enfrenta dificuldades significativas, agravadas pelos efeitos das enchentes. A manutenção dos juros altos aumenta os custos de empréstimos e financiamentos, dificultando a recuperação econômica das empresas locais”, diz Bier.

O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, também considera que a decisão foi tomada diante de um cenário que tem se tornado mais complexo, com atividade mais resiliente, mercado de trabalho apertado, câmbio mais depreciado, expectativas desancoradas e a forte dúvida relacionada à capacidade do governo de manter as contas equilibradas. “Nesse contexto, a cautela aumenta e a política monetária tem que seguir contracionista para levar a inflação à meta. Juros mantidos mais altos por mais tempo, remédio amargo que infelizmente é necessário, sempre penalizam a atividade econômica e, sem dúvida, se colocam como desafio adicional à nossa retomada gaúcha”, diz.

AJUDA ÀS EMPRESAS GAÚCHAS

A entidade alerta ainda que as empresas do estado afetadas pelas enchentes seguem necessitando de recursos para reestruturar a economia gaúcha. A Fecomércio-RS enviou, nesta quarta-feira, 31, ofícios ao Ministério da Fazenda e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) solicitando urgência no atendimento, tanto das medidas já anunciadas quanto de novos recursos.

Publicada no dia 18 de julho no Diário Oficial da União, a MP 1245/2024 – que aumentou o limite da subvenção econômica em mais R$1 bilhão pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) – segue dependendo de regulamentação. Além da agilidade na aprovação, a Fecomércio-RS defende que os limites para as cotas de subvenção na segunda fase do Pronampe não sejam inferiores a 40% de desconto nas operações, assim como na primeira etapa.