O cenário está desfavorável ao consumo em julho, ainda que os dados de alta frequência do varejo continuem revelando um ritmo de expansão superior à média nacional. A radiografia consta da segunda edição da pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias Gaúchas (ICF-RS), da CNC, e divulgada nesta quarta-feira, 31, pela Fecomércio-RS.
Nesta edição, o índice atingiu os 57,6 pontos e registrou quedas de 3,5% na margem e de 23,1% na comparação interanual. Os indicadores de Emprego Atual e Renda Atual são os indicadores que, ainda que abaixo dos 100 pontos, registram os níveis mais altos dentre os subindicadores acompanhados na pesquisa.
No entanto, ambos apresentaram aceleração das quedas ocorridas na edição anterior. O Emprego Atual (84,3 pontos) recuou 6,2% nesta edição e a Renda Atual (85,2 pontos) reduziu 2,0% na comparação com os níveis apurados em junho de 2024. O impacto das cheias sobre estes indicadores ser mais intenso nesta edição é explicado, de certa forma, por sua natureza, pois eles tendem a responder de forma não imediata aos efeitos da catástrofe.
“No caso do emprego, os dados do Caged mostram que não houve aceleração das demissões em maio. O que fez com que houvesse destruição de vínculos, mas um apagão de contratações. As demissões não ocorreram naquele momento em virtude de uma expectativa muito grande de ação do poder público pela proteção do emprego, como vimos na pandemia. Como a ação foi muito tímida, agora vemos as pessoas muito menos seguras quanto a seus empregos”, comenta o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.
O efeito imediato das enchentes, provocado até por restrições de deslocamento, foi mais percebido nos indicadores de consumo, que tiveram perdas mais intensas na edição anterior e, agora, seguiram registrando baixas, porém em menor magnitude. O nível de Consumo Atual atingiu os 47,3 pontos e teve variação de -3,6% na margem e de -38,2% em comparação interanual. O Acesso a crédito recuou 0,7% na margem (74,0 pontos) e -30,1% na comparação interanual. Já o momento para duráveis segue sendo muito deprimido e atingiu o menor nível da série histórica nesta edição (21,1 pontos).
As perspectivas profissionais (19,4 pontos) e de consumo (71,8 pontos) também apresentaram recuos marginais, mas menores que na comparação com o mês anterior. A primeira teve variação de -9,1% na margem e a segunda de 7,3%. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o nível é 54,8% inferior no primeiro e 7,3% abaixo no segundo.
O impacto da crise foi bastante severo sobre as intenções de consumo e segue prescrevendo muito suporte por parte do poder público para auxiliar na reconstrução do estado. Em uma situação como a que está posta, é fundamental assegurar a manutenção de empregos a fim de dar dinâmica à economia local. Neste aspecto, a Fecomércio-RS tem atuado incessantemente para buscar sensibilizar o poder público de forma a obter o melhor conjunto de políticas para que se tenha uma retomada sustentável. “A retomada da economia local passa, fundamentalmente, pela manutenção dos empregos e pela restauração da confiança. É por isso que seguimos incansáveis no nosso diálogo com o poder público para buscar soluções hoje que nos permitam ter um futuro próspero”, completa Bohn.