As urnas começaram a ser fechadas em toda a Venezuela às 19h (18h, no horário de Brasília) deste domingo (28), dia de eleições presidenciais decisivas no país sul-americano. Muitas seções, porém, enfrentavam longas filas, o que pode estender a votação.
Mais de 21,3 milhões de venezuelanos estavam aptos a votar, mas cerca de 4,5 milhões vivem no exterior, onde apenas 69,1 mil foram autorizados a ir às urnas. Portanto, o total de eleitores é estimado em 16,8 milhões — o voto não é obrigatório.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, afirmou mais cedo que o dia de eleições foi pacífico e “sem contratempos”. Apesar disso, incidentes foram noticiados.
Uma mulher foi ferida a tiros em um local de votação no estado de Monagas, após um grupo de motoqueiros abrir fogo, segundo a emissora de TV colombiana Caracol. Ela está fora de perigo.
Na capital, Caracas, os chamados “coletivos de Maduro” — homens de moto — provocaram tumulto em um importante centro de votação, informou o portal argentino Infobae.
Também houve denúncias de fake news, que teriam sido plantadas por apoiadores do presidente Nicolás Maduro, que disputa a reeleição. O principal opositor dele, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, falou que estavam circulando “dados falsos”, sem especificar do que se tratava.
Um jornal alinhado ao regime de Maduro, porém, divulgou uma pesquisa de boca de urna que indicava vitória do chavista. A lei venezuelana proíbe sondagens na data do pleito.
Resultado
Não existem boletins prévios de apuração dos votos na Venezuela. O resultado final deve ser anunciado no começo da madrugada de segunda-feira (29).
Agora, começam as auditorias de fechamento das urnas, para verificar se o número de votos depositados nas máquinas corresponde ao total de eleitores que compareceram. Os fiscais habilitados de cada partido poderão ter acesso às atas dessa checagem.
Com o resultado, é esperado que a posse ocorra apenas em 10 de janeiro de 2025.
Neste domingo (28), Maduro afirmou que reconhecerá o resultado eleitoral e que respeita o processo eleitoral, a Constituição e a Lei do país. “Eu sou Nicolás Maduro Moros e reconheço e reconhecerei o resultado eleitoral, os boletins eleitorais, e farei com que o respeitem. Chamo os dez candidatos presidenciais e os 38 partidos políticos a respeitarem, fazerem ser respeitado e declararem publicamente que acatarão o boletim oficial do Conselho Nacional Eleitoral, o organismo encarregado de organizar o poder eleitoral do país”, declarou.
Em meio a tensão no país, no início da última semana, Maduro chegou a ameaçar uma “guerra civil” e um “banho de sangue” caso perdesse, ele avisou não querer “show nem choradeira” porque daria “uma surra” em González.
Situação na Venezuela
Há pelo menos 7 anos, a Venezuela lida com um bloqueio financeiro e comercial devido à falta de reconhecimento de países como Estados Unidos, Canada e integrantes da União Europeia no governo de Maduro.
Atualmente, o país enfrenta uma crise econômica em que registrou uma perda de aproximadamente 75% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), resultando na migração de mais de 7 milhões de pessoas.
Apesar de ter mostrado sinais de uma possível recuperação econômica desde 2021, a população venezuelana continua com salários baixos e os serviços públicos deteriorados.