Desde o início da manhã desta quarta-feira, cerca de mil manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocupam a área externa do prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na avenida Loureiro da Silva, em Porto Alegre. Segundo Álvaro Delatorre, membro da direção estadual do movimento, ao longo do dia, o MST teve audiências com o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e com o Incra.
Delatorre conta que, além da pauta da terra, o movimento pede ainda o desenvolvimento dos assentamentos, principalmente após os danos registrados com a enchente de maio. “Nós dialogamos com o governo a questão da terra, pois havia um compromisso do Estado de colocar áreas públicas à disposição das famílias que precisam ser reassentadas”, falou. O movimento ainda solicitou apoio técnico para os assentamentos e para que as famílias consigam acesso a crédito para recomeçarem.
Ainda conforme Delatorre, os assentamentos de Eldorado do Sul, Guaíba e Nova Santa Rita são os que ficaram em situação mais comprometida com a enchente. Ao menos 400 famílias foram atingidas em sua estrutura de produção ou de moradia na região Metropolitana. Outros assentamentos no RS sofreram perdas de produção em função de prejuízos na malha viária.
“À tarde tivemos agenda com o Incra. Não é só reassentamento. É terra para novos acampamentos e desenvolvimento dos assentamento, com suporte na construção de estradas, barragens e casas que foram comprometidas com a enchente. Nossa perspectiva é que até esta quinta-feira consigamos ter uma resolução mais clara do que apresentamos. As famílias não querem ficar aqui, mas temos a convicção que não podemos sair sem ter algumas conquistas”, completou.
Em nota, o Incra informou que recebeu os manifestantes e que seguirá buscando imóveis rurais, que vai encaminhar projetos de recuperação de estradas e que, desde o início da semana, tem realizado reuniões para “demanda da modalidade Fomento do Crédito Instalação, no valor de R$ 16 mil por família”. Procurada, a SDR não se manifestou sobre as reuniões até a publicação desta matéria.