Reajustes salariais de junho com ganhos reais atingiram 87,8% dos acordos, aponta Dieese

Variação real média do mês atingiu 1,67%

Real Moeda brasileira
Entre as categorias com data-base em junho, que registraram os instrumentos coletivos no Mediador até 8 de julho, 87,8% conquistaram ganhos reais aos salários, na comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). Outras 8,8% conquistaram reajustes em percentual igual à inflação; e 3,3% tiveram resultados abaixo do INPC. Com esse resultado – embora ainda parcial – são sete datas-bases seguidas com mais de 80% das negociações com reajustes acima da inflação. Esse quadro de relativa estabilidade em níveis elevados contrasta com o observado no segundo semestre de 2023, de piora crescente nos resultados das negociações entre agosto e novembro.
A variação real média dos reajustes de junho – equivalente à média simples de todas as variações reais na data-base – é de 1,67%. O valor é ligeiramente inferior ao observado em maio e janeiro de 2024, respectivamente 1,74% e 1,71%, mas superior ao das demais datas-bases do ano.
O valor do reajuste necessário – equivalente à variação acumulada do INPC nos 12 meses anteriores a cada data-base -, para as categorias que negociam em julho, é de 3,70%. O valor representa uma segunda alta após maio, quando atingiu o menor patamar, desde julho de 2023.
O percentual de negociações que adotaram o parcelamento dos reajustes salariais segue em patamares baixos. Apenas 1,1% das negociações com data-base em junho registrou essa forma de pagamento. Em geral, reajustes parcelados são mais frequentes em períodos de mais alta inflação, o que não tem sido a realidade da economia.
Os reajustes escalonados – aqueles pagos valores diferenciados de acordo com a faixa salarial do trabalhador ou tamanho da empresa – foram observados em 8,8% dos casos analisados. Há, portanto, um movimento de queda na frequência desde abril de 2024. Com a inclusão dos primeiros reajustes salariais da data-base junho, é possível ter uma prévia do quadro das negociações do primeiro semestre de 2024.
No período, cerca de 86% das 6.728 negociações coletivas analisadas tiveram reajustes com ganhos acima do INPC; 11%, resultados iguais à inflação; e 3%, reajustes abaixo da variação de preços. No primeiro semestre de 2024, a variação real média (acima do INPC) é, no momento, igual a 1,59%. A distribuição dos reajustes em relação ao INPC, por setores econômicos selecionados, mostra desempenhos semelhantes das negociações da indústria e dos serviços, ambas com ganhos reais em mais de 87% dos casos. No comércio, como observado nas últimas publicações, os ganhos reais são menos frequentes do que nos outros dois segmentos, embora tenham ocorrido em 76,5% das negociações. Foi no comércio ainda que se verificou o menor percentual de resultados abaixo da inflaação (2,1%).
A distribuição dos reajustes em relação ao INPC, por região geográfica, mostra desempenhos mais próximos do que na distribuição por setores econômicos. Em todas as regiões, foram observados aumentos reais em mais de 80% dos casos. No Sudeste, em especial, ocorreu em 89,1% das negociações. Em relação ao tipo de instrumento coletivo, no primeiro semestre de 2024, o percentual de reajustes acima do INPC (86,9%) entre os acordos coletivos é maior. Por outro lado, entre as convenções coletivas, há menor porcentagem de resultados (1,8%) abaixo da inflação.
Os valores dos pisos salariais são apresentados, a seguir, em dois indicadores: 1) valor médio , equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados; e 2) valor mediano , correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos analisados. O valor mediano sofre menos influência dos valores extremos da série, indicando melhor a distribuição dos pisos.
O valor médio dos pisos salariais analisados nesse primeiro semestre do ano foi de R$ 1.684,06; e o valor mediano, R$ 1.560,00. Na comparação entre os setores, o maior valor médio pertence aos serviços (1.700,55); e o maior valor mediano, ao setor rural (R$ 1.627,43). Já o menor valor médio é da indústria (R$ 1.657,40); e o mediano, do comércio (R$ 1.551,00). No recorte geográfico, os maiores pisos salariais médios e medianos são, até o momento, os da região Sul (respectivamente R$ 1.772,00 e R$ 1.730,19); e os menores, os do Nordeste (respectivamente R$ 1.554,95 e R$ 1.457,00).