O projeto Universal nos Presídios (UNP) retornou à Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, na região Carbonífera. Neste sábado, a volta da iniciativa à casa prisional completa duas semanas, período em que houve a reabertura dos cursos de informática e artes, além de cerimônias com testemunhos, batismos e orações.
A retomada encerra um hiato forçado por chuvas e enchentes que, em maio, deixaram a unidade submersa. Ali, a água chegou a quase dois metros de altura. A solução foi transferir mais de mil detentos às pressas para a vizinha Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC), onde eles permaneceram alojados até o recuo do rio Jacuí.
A Universal nos Presídios é referência em ressocialização da massa carcerária no Brasil. Em solo gaúcho, a iniciativa ocorre sob o comando do pastor e artista plástico Venino Aragão, de 59 anos, que traz consigo uma equipe de voluntários para atuar na promoção de encontros, eventos e cursos. A missão é provar que a fé regenera até mesmo aqueles que são vistos como ‘casos perdidos’ aos olhos da sociedade.
O diretor da PEJ, major Glenio Daison Argemi, destaca que a iniciativa, além de recuperar detentos, também supre demandas que o Estado não consegue atender. O oficial reforça ainda o alinhamento que há entre a direção da cadeia e os voluntários na construção de diretrizes do projeto.
“Posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que a Universal nos Presídios tem atuação destacada na promoção do caráter ressocializador da pena. O grupo que vem até a PEJ é composto por pessoas entusiasmadas e muito motivadas para doar tempo em prol desta parcela marginalizada. Além disso, eles ainda prestam auxílio em algumas demandas que infelizmente o Estado deixa um pouco a desejar.
”A direção da casa prisional rotineiramente troca ideias e apresenta sugestões de possíveis oficinas e cursos que podem ser ministrados aos detentos, as quais são atendidas. Temos nestes homens e mulheres da UNP uma gratidão e um reconhecimento pela dedicação e esforço naquilo que se propõe”, enfatizou o major Glenio Argemi.
A primeira oficina reativada na casa prisional foi a Livres para Pintar. O curso lança mão da arte e demais atividades lúdicas para despertar nos presidiários a consciência que, através da fé, é possível trilhar o caminho de uma vida digna.
O passo seguinte foi o Livres para Digitar, que oferece aulas de computação aos presos. As aulas incluem especialização em programas de processamento de textos, planilhas eletrônicas e navegação na internet.