74% dos esportistas brasileiros não contaram com incentivos financeiros na infância, aponta Serasa

No Sul, 72,3% dos entrevistados praticaram futebol (41,2%) e vôlei (39,1%) na infância e/ou adolescência

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Em um país que carrega medalhas, troféus e pódios, crianças e jovens com potencial esportivo são obrigados a interromper o sonho de seguir os passos de seus ídolos. A realidade das suas famílias muitas vezes faz com que a corrida desses talentos se encerre antes da linha de chegada. Conforme mostra pesquisa da Serasa, a falta de incentivos financeiros foi realidade para 74% dos brasileiros que praticaram esportes na infância.

A pesquisa “Esportes para todos? O impacto do dinheiro na formação de atletas no Brasil”, realizada pela Serasa em parceria com o instituto de pesquisa Opinion Box, mostrou que 42% dos brasileiros tinham o sonho de ser um atleta profissional, porém, apenas 10% deles chegam a concretizá-lo. Mesmo assim, após enfrentar os obstáculos necessários para iniciar a sua carreira, só 20% conseguem de fato se manter nesta profissão.

Na Região Sul, 72,3% dos entrevistados disseram que tinham interesse por esportes e que praticaram durante a infância e/ou adolescência especialmente futebol (41,2%) e vôlei (39,1%) com o objetivo de melhorar a saúde e o bem-estar e também aumentar a convivência com outras crianças e adolescentes por incentivo dos pais e da escola.

No país, dentre as camadas sociais, 46% das classes D e E almejaram a carreira esportiva profissional – maior percentual em relação às classes AB e C. “O esporte, muitas vezes, é associado a um sonho e a transformação da vida financeira entre pessoas em situação mais vulnerável financeiramente. Pode ser uma fonte de garantir novas oportunidades não só para quem pratica, mas para toda a sua família”, explica Patrícia Camillo, gerente da Serasa.

DESPESAS

As roupas (40,3%) e os materiais esportivos (35%) estão entre as principais despesas para a prática esportiva representando gastos mensais de até R$ 100 para 36% dos entrevistados e até R$ 200 para 29,9%, sendo que esses gastos representavam até 5% da renda familiar para 49,4% das pessoas e entre 6 e 10% para outros 23,8%.

Ao serem questionados, 73,3% dos entrevistados disseram que não recebiam nenhum tipo de incentivo financeiro ou bolsa. Diante dessa situação, 88,1% informaram que não se tornaram atleta profissional na modalidade que praticavam.

Para 48,3% o esporte nunca foi fonte de renda, enquanto para outros 27,6% foi apenas uma renda complementar. Precisar focar nos estudos foi o principal motivo apontado por 45,8% dos entrevistados por não seguir como atleta profissional. Precisar trabalhar foi o argumento de outros 37,5% dos entrevistados e 29,2% alegaram a falta de dinheiro.

Um total de 47,9% dos entrevistados entendem que seria muito difícil conseguir treinar em alto nível e, ao mesmo tempo, ter dinheiro para sustentar uma carreira no esporte sem outro trabalho. Mesmo assim, 57,2% acreditam na possibilidade de seus filhos se tornarem atletas profissionais. E acreditam que a família (61,9%) é o principal pilar para incentivar atletas.

Entre os brasileiros que se tornaram atletas profissionais, o foco nos estudos aparece como o principal desafio para o deslanche na carreira para 42% dos entrevistados, seguido por questões financeiras, como ter que trabalhar (39%), falta de incentivos financeiros (32%) e falta de dinheiro (27%).