O setor de seguros vai quebrar com o pagamento dos sinistros ocorridos no Rio Grande do Sul? Não. O questionamento e a resposta vieram da advogada Presidente e Co-fundadora do Instituto pela Diversidade e Inclusão no Setor de Seguros (Idis), Ana Paula Santos durante o Meeting Jurídico da Federasul, realizado nesta sexta-feira, 12, para quem com R$ 2,1 trilhões de ativos não há risco de ocorrer qualquer dificuldade setorial.
O encontro também teve a participação de Pery Saraiva Neto, advogado especialista em seguros e meio ambiente e de Ricardo Boelter Moraes, biólogo e perito judicial na área ambiental. Ao contrário do risco, Ana Paulo citou o fato de que a catástrofe climática no estado será durante muitos anos estudada em todo mundo, principalmente no antes, durante e depois do episódio. Para Ana Paula, o fato permitirá o desenvolvimento de novos produtos que hoje ainda não estão disponíveis no mercado de seguros.
A presidente do Idis reforça que o meio ambiente tem oferecido sinais que trazem um alerta para a população de que algo precisa ser feito. Nos dados apresentados em sua palestra, o mundo já acumula perdas de US$ 380 bilhões em 2023 com eventos climáticos. No Brasil, na última década, são mais de 2 milhões de moradias notificadas em razão do clima, impactando 4,2 milhões de pessoas em 2.640 cidades brasileiras. No Rio Grande do Sul, o volume do prejuízo foi estimado em R$ 12 bilhões no final de junho.
O volume de pedidos para pagamento de indenizações de seguros relacionados à enchente no Rio Grande do Sul mais que dobrou entre os meses de maio e junho. Conforme dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), os pagamentos solicitados às seguradoras atingiram R$ 3,8 bilhões, valor R$ 2,2 bilhões a mais em levantamento divulgado em 24 de maio, quando os registros somaram R$ 1,673 bilhão.
POSICIONAMENTO FUTURO
Em sua fala, Pery Saraiva Neto chamou a atenção para o comportamento do mercado a partir dos eventos no estado e se as pessoas aceitariam contribuir para o mercado de seguros na formulação de produtos que indenizem pessoas pelos sinistros climáticos. “Como as empresas se comportarão na contratação de seguros no Rio Grande do Sul a partir de agora? O problema é de todos e não apenas dos atingidos”, disse.
Já Ricardo Boelter Morais começou fazendo um questionamento: área de preservação permanente é igual a área de preservação permanente? Ele apresentou uma série de cenários e realidades que são premissas para a ocorrência de sinistros ambientais e apontou regiões no Rio Grande do Sul e Santa Catarina que, com a expansão imobiliária ao longo dos anos, são áreas em risco de incidentes ambientais.