No interior de São Francisco de Paula, município localizado a 127 KM de Porto Alegre, um deslizamento de terra que atingiu a estrada do Feixe, na Recosta de São Francisco de Paula, no início de maio, tem dificultado a vida de aproximadamente 42 pessoas.
Segundo os moradores da região, eles estão isolados desde o dia 2 de maio, quando aconteceu um grande deslizamento de terra na região. Alguns desses moradores conseguiram sair um dia antes, quando um pequeno deslizamento aconteceu e a prefeitura do município conseguiu realizar a limpeza do local. Porém aproximadamente 20 pessoas não conseguiram e estão a 70 dias isoladas. Entre eles, estão idosos e outros cidadãos que não conseguem se deslocar devido ao grande acumulo de lama.
Neste tempo, a região ficou um pouco mais de 30 dias sem luz. Salete Freitas é uma das moradoras que não conseguiu sair. Ela e o marido Luís são produtores rurais e estimam que perderam mais de 200 animais. Das 400 galinhas que eles tinham, sobrou menos da metade e 3 vacas também morreram, devido ao deslizamento ou falta de alimentação.
“Estamos isolados aqui na chácara, não tem como sair. O que queremos é poder andar, sair e vender as coisas que a gente tem. Sabemos que as coisas não são fáceis, mas o produtor rural sempre fica em último no plano dos governantes. Eu peço a Deus que toque na mente e no coração dos governantes, pois são os colonos que levam os alimentos até a cidade”, falou Freitas.
Segundo os próprios moradores que ficaram, eles estão sobrevivendo a base de doações de pessoas daquela região que conseguiram sair e de outros voluntários. Dentre elas está o professor Elemar Gomes que conseguiu sair de sua casa e provisoriamente está morando em uma residência de aluguel em Taquara. Frequentemente ele volta ao local para levar doações, mas espera poder voltar a acessar o seu imóvel o mais rápido possível.
“Entregamos remédios, alimentos, donativos. Também levamos roupas, cobertores, leite em pó para as terneiras, já que as vacas morreram, milho para as galinhas e ração para os cachorros. Estamos realmente desesperados e exigimos, com todo o respeito que a gente merece como cidadão, como pagador de impostos, exigimos pelo menos acesso e estrada decente para nós. Não é possível que a gente tenha autoridades que nos ignoram e trate a gente como vêm tratando”, disse o professor.
A Prefeitura de São Francisco de Paula não estipulou um prazo para resolver completamente a questão, mas através de uma nota comunicou que desde o início do problema está trabalhando para restabelecer o acesso à região e garantir o bem-estar dos moradores.
Nota completa da Prefeitura de São Francisco de Paula:
“A gente compreende o transtorno e a angústia que a situação da estrada do Feixe tem causado a todos que moram na região. Desde o início do problema, a Prefeitura está trabalhando para restabelecer o acesso à região e garantir o bem-estar dos moradores. Foram locadas máquinas, como trator de esteira e escavadeira, para ajudar nossas equipes e avançar na recuperação da área afetada. Já removemos diversas barreiras, mas o estrago causado pelas chuvas foi muito extenso e, infelizmente, tivemos apenas 10 dias sem chuvas nos últimos 72 dias, dificultando muito o andamento das obras.
Desde o primeiro dia estamos fornecendo assistência total às famílias, com nosso corpo de bombeiros levando alimentação e remédios para os moradores. Além disso, cadastramos recursos no sistema S2ID da Defesa Civil Nacional para ajudar nas obras, mas infelizmente esses recursos ainda não foram analisados. Reforço que a Prefeitura tem se empenhado ao máximo para contornar a situação com os recursos disponíveis, e continuaremos a buscar alternativas para acelerar a recuperação”.