Empresários pedem ações mais efetivas para o estado

Empresários denunciaram, no Tá na Mesa, a falta de compreensão do governo federal diante da tragédia climática

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Presidentes de entidades de setores da economia foram uníssonos ao considerar o auxílio do governo federal como insuficiente e de difícil acesso. A crítica à falta de auxílios adequados para o RS e urgência pela busca de soluções concretas, reuniu líderes empresariais nesta quarta-feira (10) no Tá na Mesa da FEDERASUL, em painel com o tema: “A tragédia, perdas e as ações que o RS precisa”. Mas a manifestação do presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, chamou a atenção por ter sido consultado sobre uma reestruturação de cargos e salários no governo do Estado.

Conforme o dirigente, ele convocado pelo governador Eduardo Leite para apresentação de uma proposta de reorganização da estrutura de cargos e salários na esfera estadual. Em seu discurso, Rodrigo Sousa Costa aproveitou para reforçar o resultado de uma consulta feita juntos aos diretores da casa. “O estado já sofreu demais por uma falta de responsabilidade com os números. Não é momento de aumentar o custo da máquina pública na forma de salários”, declarou, reforçando que há uma tendência de queda na arrecadação de tributos e não ficou evidenciado pelo executivo estadual a fonte de receita para suportar as mudanças projetadas.

O evento contou com as exposições do presidente da Associação dos Empresários do 4° Distrito Vítimas da Enchente, Arlei Romero, o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Paulo Geremia, e o presidente da Federação das Associação Gaúchas do Varejo (Federação AGV), Vilson Noer.

O presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, abriu o evento saudando as iniciativas dos empresários filiados à entidade que, por todo RS, já estão mobilizados para a reconstrução. No entanto, o futuro gaúcho não se desenha animador, explicou o presidente. “Gostaria de trazer aqui para vocês uma mensagem otimista, de esperança para todos, mas temos que ser responsáveis com aqueles que representamos. A verdade é que o cenário que surge à nossa frente tem sido cada vez mais sombrio – por uma inércia, uma morosidade e até um negacionismo do governo federal. É o que aparece nos números oficiais, nas estatísticas”, afirmou Sousa Costa. Ele lembrou que esta “inércia” de Brasília em socorro ao Estado causa uma “onda de desemprego”, devido a “políticas públicas equivocadas”. “Não há recursos”.

INFRAESTRUTURA

O presidente da Federação AGV, Vilson Noer, destacou a necessidade urgente de reestruturar a infraestrutura afetada e lembrou os problemas de logística e no acesso às áreas atingidas. Segundo Noer, houve diminuição de 60% de faturamento do comércio durante o período de fechamento. Ele ressaltou a falta de suporte federal, apontando que dos R$ 92 bilhões prometidos, apenas 19% foram efetivamente liberados. “O governo federal não olha para o RS como Brasil, mas como Estado, eles não conhecem o RS, não estão vendo a realidade que vivemos”, afirmou Noer. “O RS também é Brasil”.

O presidente da Associação dos Empresários do 4° Distrito Vítimas da Enchente, Arlei Romero, enfatizou a importância de “regras claras” para acesso aos recursos públicos para reconstrução. A região foi uma das mais afetadas pela cheia do Guaíba devido às chuvas. Romero afirmou que 4.299 mil CNPJs absorvem entre 30 mil e 40 mil trabalhadores. “A gente precisa urgentemente de ações resolutivas e efetivas do governo federal. Temos muitas empresas que precisam de 15 mil reais, mas não vão conseguir nem chegar na porta do banco“.

Para protestar contra a “morosidade” do governo federal, Arlei anunciou um ato intitulado “O RS também é Brasil”, no dia 14 de julho, no Sítio do Laçador, em Porto Alegre. “Isto é um ato da sociedade gaúcha, é para todo o Estado”, afirmou.

O presidente do Sindha, Paulo Geremia, corroborou as preocupações, alertando para o risco iminente de demissões em massa e a fragilidade econômica generalizada que se instalou no RS. “Precisamos de pelo menos três vezes mais do que foi disponibilizado até agora para que as empresas consigam sobreviver e manter seus funcionários”, exigiu. Ele lembrou que, em seu setor, muitas empresas perderam todos os insumos, com equipamentos comprometidos, sendo que “ainda havia dívidas para pagar desde a pandemia, e essas cobranças não foram paradas”. Ele salientou a necessidade de apoio a empresas mesmo fora da “mancha de inundação” – aquelas que foram devastadas pela água.