A Polícia Federal calcula que o ex-presidente Jair Bolsonaro e assessores dele atuaram para desviar mais de R$ 6,8 milhões a partir da venda de joias e presentes dados por autoridades internacionais. A soma considera os itens que, segundo os investigadores, foram objeto da atuação da associação criminosa, com a finalidade de propiciar o enriquecimento ilícito do ex-presidente, mediante o desvio dos bens para patrimônio pessoal. A Record e o portal R7 procuraram a defesa de Bolsonaro e o próprio ex-presidente. O espaço segue aberto para o posicionamento.
“O valor não considera os bens ainda pendentes de perícia, além as esculturas douradas de um barco e uma árvore e o relógio Patek Philippe, que foram desviadas do acervo público brasileiro e ainda não foram recuperadas”, detalha a PF, completando que o levantamento corrobora como prova para os indiciamentos.
Os investigadores apontam, ainda, que o dinheiro arrecadado pelas vendas pode ter custeado despesas em dólar de Bolsonaro e da família nos Estados Unidos. Segundo a corporação, “a utilização de dinheiro em espécie para pagamento de despesas cotidianas é uma das formas mais usuais para reintegrar o ‘dinheiro sujo’ à economia formal, com aparência lícita”.
“No sentido de valorar os bens que foram objeto dos atos de desvio (e tentativa de desvio) perpetrados pela associação criminosa com a finalidade de enriquecimento ilícito do ex-presidente JAIR BOLSONARO, as joias foram submetidas a procedimento pericial, com o objetivo, dentre outros, de aferir o valor mercadológico dos bens”, disse a corporação.
O ministro Alexandre de Moraes retirou nesta segunda-feira (8) o sigilo do caso das joias e enviou o processo para a PGR (Procuradoria-Geral da República). Agora, a PGR terá o prazo de 15 dias para pedir mais provas, arquivar o caso ou apresentar denúncia.
PF acredita ter provas robustas para incriminar Bolsonaro e ex-assessores. Os crimes atribuídos ao ex-presidente foram de peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Além de Bolsonaro, foram indiciados por peculato:
Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia;
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
José Roberto Bueno, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia;
Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal;
Marcelo Vieira, ex-chefe de gabinete de documentação histórica da Presidência; e
Marcos André Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque.
Também foram indiciados por lavagem de dinheiro e crime de associação criminosa:
Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social de Bolsonaro;
Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro;
Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Mauro Cesar Lourena Cid, general e pai de Mauro Cid; e
Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro