Falta de matéria-prima e alta demanda na indústria dificultam compra de móveis novos para atingidos da enchente em Porto Alegre

Lojistas também não conseguem cumprir prazos de entrega de produtos

Lojas de móveis de Porto Alegre apresentam falta de alguns itens em estoque por conta da alta demanda | Foto: Mauro Schaefer

Depois de limpar a casa e deixá-la em condições para retornar, é iniciou a corrida das famílias atingidas pela cheia para readquirir vários dos itens de mobiliários perdidos com a enchente de maio. Entretanto, a grande demanda por produtos novos no mercado faz com que muitos enfrentem agora dificuldades para encontrar os itens que precisam para suas casas.

Jair dos Santos Francisco retornou nesta semana para o seu apartamento, no segundo andar em um condomínio do bairro Humaitá, na zona Norte de Porto Alegre. Sua casa não chegou a ser atingida, mas na casa da mãe, no mesmo bairro, a destruição foi completa. Ele conta que tem encontrado muitas dificuldades para encontrar itens específicos para a casa da mãe, como mesas, portas e móveis de cozinha.

“Em algumas lojas você encontra alguns produtos, mas não em outras. Às vezes a loja tem balcão, mas não tem a pia. O prazo de entrega também está bem ruim. Se eles (lojistas) não tiverem à pronta entrega, o prazo pode passar de 15 dias. Teve uma loja que me deu mais de 30 dias para entregar o móvel. Também tive dificuldade de encontrar porta para a entrada da casa, pois as que têm no mercado são internas. Tem que vasculhar bastante para encontrar o que você precisa”, citou.

A dificuldade de encontrar móveis também é refletida nas lojas do segmento, que não conseguem oferecer determinados produtos para seus clientes. Na loja Barbadão da Azenha, no bairro Azenha, a proprietária Juliane Rocha conta que, no momento, não tem conseguido encontrar roupeiros para o seu estoque. Além disso, a maioria dos itens à disposição são de antes da enchente.

“Estamos com uma dificuldade muito grande em todos os itens, mas principalmente os guarda-roupas. Está bem difícil de conseguir. As fábricas dão cerca de 45 dias, mais ou menos, para uma entrega de um guarda-roupa. Os fornecedores estão alegando a alta de demanda. Nesta semana, eu conversei com um representante de uma fábrica e ele alegou a falta de matéria-prima. Mas igual, a procura está muito alta. O que estamos vendendo e conseguindo entregar ainda é de antes da enchente”, relatou a empresária.