Dívidas se estendem por mais tempo, aponta estudo

Grupo de famílias que não terão condições de pagar dívidas manteve o nível de maio

Dinheiro

Houve redução das famílias brasileiras que se consideram “muito endividadas” em junho para 17,2% (- 0,6 ponto percentual), enquanto a faixa identificada como “pouco endividadas” aumentou para 33,7% (+ 0,6 ponto percentual). Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foram divulgados nesta quinta-feira, 4. Já o grupo de famílias que não terão condições de pagar dívidas manteve o nível de maio deste ano e de junho do ano passado, 12,0%.

Por outro lado, o percentual total de famílias com dívidas em atraso aumentou para 28,8%, um crescimento de 0,2 ponto percentual na comparação com maio deste ano, permanecendo abaixo do registrado em junho de 2023. Também houve um incremento (0,3 ponto percentual) no percentual de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias, chegando a 47,6% do total de endividados em junho deste ano – o maior percentual de 2024.

“Os atrasos estão perdurando por mais tempo, o que revela certa dificuldade de honrar os compromissos, deixando as famílias mais receosas em fazer novos parcelamentos no momento”, avalia Felipe Tavares.

Apesar do maior nível de inadimplência, o percentual dos consumidores que possuem mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas registrou queda de 0,4 ponto percentual na comparação mensal, atingindo 20,4%.

“Para conseguir ter melhor controle financeiro, as famílias contam com prazos mais longos para pagamento das suas contas. Tanto que o percentual de famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano avançou para 32,8%, o maior nível desde abril de 2022”, destaca o economista.

CARTÃO DE CRÉDITO 

O cartão de crédito continua tendo a maior participação no volume de endividados no mês, sendo utilizado por 86,4% do total de devedores, o que significa uma retração de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior e 0,6 ponto percentual na comparação com junho do ano passado.

Carnês e cheque especial continuaram perdendo representatividade na carteira de crédito dos consumidores em relação ao ano passado (- 0,4 ponto percentual em ambos os casos). Já o financiamento imobiliário apresentou o maior crescimento anual (1,5 ponto percentual), resultado do mercado de crédito com juros mais acessíveis. Este foi o maior percentual de utilização (8,9%) desde fevereiro de 2022.

GÊNERO E RENDA

Em junho de 2024, o endividamento avançou entre as mulheres (+0,1 ponto percentual). Em contrapartida, entre os homens, o índice reduziu em relação a maio (-0,1 ponto percentual), mas se manteve superior em comparação a junho do ano passado. Mulheres e homens apresentaram aumento mensal das contas em atraso, sendo de 0,3 ponto percentual para elas e 0,1 ponto percentual para eles.

No entanto, em relação ao pagamento dessas contas, as mulheres apresentaram incremento nas condições, enquanto, para os homens, houve leve redução desse indicador.

Em relação às famílias de diferentes faixas de renda, a inadimplência aumentou na maioria dos grupos.