Num dia de bastante volatilidade no mercado financeiro, o dólar teve pequena alta, após superar a barreira de R$ 5,70 durante o dia. A bolsa de valores subiu pelo segundo dia consecutivo, impulsionada por ações de empresas exportadoras e com a ajuda das bolsas norte-americanas. A moeda norte-americana continua no maior nível desde 10 de janeiro de 2022, quando tinha fechado em R$ 5,67. A divisa acumula alta de 16,8% em 2024.
O dólar comercial encerrou esta terça-feira, 2, vendido a R$ 5,66, com pequena alta de 0,22%. A cotação, no entanto, acelerou-se bastante durante a sessão, chegando a R$ 5,701 na máxima do dia, por volta das 14h50. Nas horas finais de negociação, desacelerou, influenciada pelo clima favorável no mercado externo e por investidores que venderam dólares para embolsarem lucros. No fim da manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que o governo pretenda reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cambial para segurar a alta do dólar.
Para o Gustavo Moraes, da Escola de Negócios da PUCRS, como todo presidente eleito desde os anos 90, Lula teve um primeiro ano de mandato de crédito junto aos formadores de opinião e analistas de mercado. Para ele, três fatores contribuíram para que o mercado aumentasse o ceticismo em relação à condução do governo.
“Em primeiro lugar, os ataques à política monetária, contruída no Banco Central, e que possui uma referência objetiva, a priori livre de influências políticas, que é o índice de inflaçã. Seguido a isso, a tentativa de interferência nas empresas de capital aberto, como a Vale, a Petrobrás e outras nas quais o BNDES tem créditos. E por fim, a não obtenção de um equilíbrio fiscal, mesmo com uma estratégia de aumento de impostos ao invés de cortes de despesas”, diz Moraes.
Segundo o analista da Escola de Negócios da PUCRS, “nesse ambiente, que ironicamente contraria a estratégia do primeiro mandato (2003-06) de Lula, os investidores internacionais e os próprios brasileiros diminuem a intenção de investimentos na economia nacional. Esse movimento leva a desvalorização da moeda (real, ironicamente na semana em que completa 30 anos atinge uma das taxas mais depreciadas contra o dólar)”, comenta.
MERCADO DE AÇÕES
No mercado de ações, o dia foi marcado por uma leve recuperação. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 125.038 pontos, com alta de 0,26%. Mais uma vez, o indicador foi impulsionado por ações de empresas exportadoras, principalmente do setor de carnes.
O mercado externo teve um dia de alívio, com as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano recuando após dias sucessivos de alta. O presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos), Jerome Powell, disse que a economia norte-americana iniciou uma trajetória de desinflação, o que animou os investidores internacionais.
A trégua no mercado global não se repetiu no Brasil. O mercado reagiu, mais uma vez, a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em entrevista a uma rádio da Bahia, Lula disse que tomaria providências em relação à alta recente do dólar ante o real, mas não detalhou as medidas para evitar alertar os adversários.
(*) com Agência Brasil