Efeitos na cotação do dólar com novas críticas de Lula ao BC

Nesta terça-feira, a moeda norte-americana abriu em baixa de 0,34%, a R$ 5,63

Foto: Valter Campanato/ABr

Em mais um dia de turbulências no mercado interno e externo, a segunda-feira foi marcada pelo dólar ultrapassando os R$ 5,65, o maior nível desde janeiro de 2022. A bolsa de valores subiu, impulsionada por empresas exportadoras. O dólar comercial encerrou com alta de +1,15%. A cotação operou próxima da estabilidade durante a manhã, mas disparou durante a tarde, até fechar na máxima do dia. Nesta terça-feira, 2, a moeda norte-americana abriu em baixa de 0,34%, a R$ 5,63.

A explicação, segundo analistas, está também nas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem ele não tem que prestar contas a ‘banqueiro’ ou ‘ricaço’, mas sim ao pobre. Além disso, encerrou o dia com novas críticas ao sistema financeiro, comportamento que para o mercado é uma interferência na política econômica e um sinal de descontrole dos gastos públicos.

No centro das críticas o comportamento do Banco Central na definição da taxa de juros. O presidente acha que o BC poderia baixar a taxa Selic, atualmente no patamar de 10,5% ao ano, o que  dificulta o crescimento do país na interpretação do presidente da República. 

Agora pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atribuir a alta do dólar a uma “especulação contra o real, em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA). “É um absurdo. Veja, obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste País”, declarou. Na sequência, Lula disse que volta a Brasília para uma reunião nesta quarta-feira, 3, “porque não é normal o que está acontecendo”. Segundo ele, o governo tem que agir em relação à situação sobre a suposta especulação contra o real.

O professor e tributarista Ives Gandra da Silva Martins diz que cada vez que ele fala, prejudica a economia, o mercado, a Bolsa de Valores e, ainda, faz com que os investimentos se afastem do país. “Tudo isso por causa dos preconceitos que ele tem contra o mercado, os investidores e contra aqueles a quem ele chama de elite empresarial”.

Para ele, o presidente Lula atrapalha o Ministro Haddad, que se esforça para ter um controle maior da economia e do arcabouço fiscal, que há muito os conhecedores entendem que dificilmente poderá ser cumprido. “O certo é que cada vez que o presidente da República fala sobre economia, demonstra um profundo desconhecimento do que representa a política monetária, o que termina prejudicando o Brasil”, diz.