O destaque da economia mundial nesta semana ficará para os dados do mercado de trabalho que serão divulgados na sexta-feira, 5. O relatório Payroll trará os números da geração de emprego no país em junho, um dos mais importantes dados para medir a temperatura da economia no país. O documento é a base para a elaboração da política monetária daquele país, que atualmente pratica uma na taxa de juros no intervalo de 5,25-5,50%).
Após a criação de 272 mil empregos a uma taxa de desemprego de 4% em maio, o mercado projeta uma desaceleração para 180 mil novos postos de trabalho em junho com a mesma taxa de desemprego de maio. “Se os números de criação de empregos vierem abaixo do esperado, crescem as chances de o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) iniciar o corte de juros em setembro”, avalia Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com.
A lupa dos investidores não fica apenas nos dados de criação de emprego e da taxa de desemprego na sexta-feira. “Serão conhecidos também os dados de salário pagos por hora, que podem antecipar a tendência de menor pressão no nível de preço para os próximos meses se vierem abaixo do consenso, o que é essencial para os membros do Fed iniciarem a sinalização de corte de juros para setembro. Caso venha acima do consenso, eleva-se a probabilidade da projeção do Fed de iniciar a flexibilização monetária apenas em dezembro”, diz Manzoni.
“Números em linha do esperado devem manter os discursos dos membros do Fed de esperar mais dados para se sentirem confortáveis para a inflação se encaminhar para a meta de 2% ao ano”, prossegue o analista. Manzoni relembra que os dados de inflação de maio vieram abaixo do esperado e números similares ocorrendo em junho e julho também devem confirmar o cenário de cortes para setembro.
“Mas, o cenário-base é início de cortes em dezembro, ainda mais que há uma eleição em novembro e o Fed, apesar de não afirmar publicamente, não deve se sentir confortável de iniciar os cortes antes da eleição sob o risco de ser acusada de favorecer o atual presidente Joe Biden, ainda mais que o republicano Donald Trump é um forte crítico do atual chairman do Fed”, analisa Manzoni.
ELEIÇÕES
Os cenários políticos na França e no Reino Unido também ficarão no radar dos investidores. Os franceses foram às urnas no domingo, 30, para o primeiro turno da eleição parlamentar, enquanto os britânicos vão escolher novos membros da Câmara dos Comuns na quinta-feira.
O presidente Emmanuel Macron antecipou o pleito Parlamentar após a derrota do governo, em meio à vitória do partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN), nas eleições para o Parlamento Europeu no início do mês. Por adotar o sistema distrital com eleição majoritária, os eleitores retornam às urnas no domingo seguinte, dia 7 de julho, se nenhum candidato obtiver maioria absoluta em seu distrito.
A expectativa é de nova vitória do partido de extrema-direita, que pode chegar pela primeira vez ao poder na França com o direito de nomear o primeiro-ministro e outros ministros em cargos-chave no governo. O sistema de governo na França é o semi-presidencialista, e o presidente Macron pode não ter mais a liderança do governo caso seu partido não obtiver a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional.
O temor é de que o escolhido da RN em eventual vitória possa adotar uma política de aumento de gastos e de subsídios, o que levaria à França a violar regras orçamentárias implementadas na União Europeia (UE). O eventual ministro das Finanças da RN já se apresentou dizendo que vai respeitar o equilíbrio fiscal e as regras da UE.
Além disso, como a França forma com a Alemanha a liderança política do bloco, aumentam as incertezas sobre o futuro da UE. O RN já defendeu, no passado, o Frexit, processo análogo à saída do Reino Unido da União Europeia, mas para a França. O partido já voltou atrás da posição e se manifestou favorável à permanência da França no bloco. Essa incerteza política prejudica a cotação do euro.
No Reino Unido, a expectativa é de uma derrota acachapante do Partido Conservador, no poder há 14 anos e responsável pela saída do país da UE. A provável vitória esmagadora e retorno do Partido Trabalhista ao poder não deve reverter o Brexit, mas deve melhorar as relações comerciais e diplomáticas com a UE.