Consumo nacional movimentará R$ 7,3 trilhões em 2024

Resultado representa um aumento real de 2,5% em relação ao ano passado

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Foto: Tânia Rêgo / Arquivo / Agência Brasil

Ao longo deste ano, as famílias brasileiras deverão desembolsar cerca de R$ 7,3 trilhões com os mais diversos itens de bens de consumo, o que representa um aumento real de 2,5% em relação ao ano passado. A conclusão, seguindo a atual expectativa do PIB de 2,2%, é da Pesquisa IPC Maps 2024, especializada há 30 anos no cálculo de índices de potencial de consumo, com base em fontes oficiais.

No Rio Grande do Sul, a projeção da pesquisa é que os consumidores invistam R$ 502,5 bilhões (urbano + rural), sendo que o consumo por classe social tem a Classe A com R$ 68,4 bilhões, a Classe B com R$ 195,7 bilhões, a Classe C com R$ 151,1 bilhões e as Classes D/E com R$ 30,1 bilhões. Em Porto Alegre, a estimativa é que os consumidores invistam R$ 78,7 bilhões, sendo que o consumo  por classe social tem a Classe A com R$ 18,9 bilhões, a Classe B com R$ 30,0 bilhões, a Classe C com R$ 22,7 bilhões e as Classes D/E com R$ 2,9 bilhões.

Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pelo estudo, esse incremento ainda é baixo em comparação ao verificado em 2023 (de 3,1%) e em 2022 (de 4,3%) mas, ainda assim, mostra que o País vem se recuperando no cenário pós-pandêmico. “Até 2019, nossa economia crescia a passos bem lentos, na média de 1% ao ano. Em 2020, veio a Covid-19 e derrubou brutalmente a economia mundial como um todo e, depois disso, o Brasil felizmente conseguiu se levantar e passou a apresentar índices maiores de crescimento”, avalia.

Com um volume maior de dinheiro em circulação, aumenta a quantidade de novas empresas no território nacional. O levantamento aponta um acréscimo de 8,1% no perfil empresarial, resultando em quase 2 milhões de unidades abertas recentemente nos setores de indústria, serviços, comércio e agribusiness.

O trabalho reforça, ainda, a tendência de queda na participação das 27 capitais no mercado consumidor (de 27,95% para 27,80%), como ocorreu nos últimos anos. Em baixa, também, estão as regiões metropolitanas, que passam a responder por 45,06%, em detrimento do interior, que aumenta sua presença para 54,94% no cenário brasileiro.

QUANTIDADE DE EMPRESAS

Pazzini lembra que, de 2023 para 2024, a quantidade de empresas subiu 9,2% no interior  7,0% nas capitais e regiões metropolitanas, contra 8,1% da média nacional. “Esse cenário pode ser explicado pela escalada do home office, pois mesmo que a empresa funcione em grandes centros, ela não necessita mais de grandes áreas de escritórios e essa modalidade de trabalho passou a ser mais frequente após a pandemia”, afirma.

Quanto aos hábitos de consumo, esta edição da IPC Maps reitera a elevada despesa com veículo próprio, chegando a comprometer 12,5% do orçamento familiar. Não por acaso, esse comportamento vem acontecendo desde 2020, no início da pandemia, em função da crescente demanda por transportes via aplicativos e deliveries, tanto pelo consumidor, quanto pelos trabalhadores. De tão altos, tais gastos vêm superando outros setores, inclusive o de alimentação e bebidas no domicílio.              

Marcos Pazzini ressalta que, até o fechamento desta edição, a expectativa era de otimismo para a Região Sul do País. Entretanto, devido à tragédia provocada pelas enchentes no Estado do Rio Grande do Sul, atingindo a grande maioria dos municípios e afetando mais de 2,1 milhões de gaúchos, não há como prever ao certo o cenário de consumo, sobretudo regional, ao longo dos próximos meses de 2024.          

PERFIL BÁSICO

O Brasil possui cerca de 205,5 milhões de cidadãos, segundo projeções feitas pela IPC Marketing, após a divulgação dos primeiros resultados do Censo de 2022. Destes, 174,3 milhões moram na área urbana e são responsáveis pelo consumo per capita de R$ 38,9 mil, contra R$ 17,3 mil da população rural. 

Tradicionalmente, a classe B2 lidera o panorama econômico, representando cerca de R$ 1,7 trilhão dos gastos. Junto à B1, pertencem a 21,8% dos domicílios, assumindo 42,3% (mais de R$ 2,8 trilhões) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras. Presentes em quase metade das residências (47,8%), C1 e C2 totalizam R$ 2,2 trilhões (33,1%) dos recursos gastos. O grupo D/E, por sua vez, ocupando 27,8% das moradias, consumirá cerca de R$ 675,8 bilhões (10%). Embora em menor quantidade (apenas 2,6% das famílias), a classe A ampliou sua movimentação para R$ 990,9 bilhões (14,6%), distanciando-se cada vez mais da população de baixa renda. Já na área rural, o montante de potencial de consumo deve chegar a R$ 540,3 bilhões (7,4% do total) até o final do ano.

Entre abril de 2023 a abril de 2024, a quantidade de empresas no Brasil disparou, numa alta de 8,1%, somando 23.979.576 unidades instaladas. Destas, mais de 60% (14.663.004) são Microempreendedores Individuais (MEIs), responsáveis pela criação de mais de 1,1 milhão novos CNPJs no período.

Dentre as companhias ativas, a maioria (13,7 milhões) refere-se a atividades relacionadas a Serviços; seguida pelos segmentos de Comércio, com 5,6 milhões; Indústrias, 3,8 milhões; e Agribusiness, contando com mais de 837 mil estabelecimentos. 

REGIONAIS

A Região Sudeste mantém a liderança no ranking das regiões, respondendo por 48,9% do consumo nacional. Na sequência, vem a Sul, com uma representatividade de 18,6%, sendo quase alcançada pela Nordeste, com 17,9%. Na quarta posição está Centro-Oeste, aumentando sua fatia para 8,7%, e por último, a Região Norte, perdendo espaço para 5,9%.

O desempenho dos 50 maiores municípios equivale a R$ 2,804 trilhões, ou 38,3% de tudo o que será consumido em território nacional. De 2023 para cá, os principais mercados vêm mantendo suas posições, sendo, em ordem decrescente: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Curitiba/PR, Salvador/BA e Fortaleza/CE, entre outros. Cidades metropolitanas ou interioranas, como Santo André (15º), São Bernardo do Campo (17º), Ribeirão Preto (18º), São José dos Campos (20º) e Sorocaba (21º), no Estado de São Paulo; Uberlândia (22º), em Minas Gerais; e São Gonçalo (24º), no Rio de Janeiro também se sobressaem nessa lista.

A população de idosos continuará crescendo, chegando a 32,4 milhões em 2024. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, essa margem está praticamente em 124 milhões, o que representa 60,2% do total de brasileiros, sendo mulheres em sua maioria. Em crescimento mais lento, estão os jovens e adolescentes entre 10 e 17 anos, que somam 22,6 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que segue na média de 26,8 milhões.