Região das Ilhas de Porto Alegre volta a ter ruas alagadas

Alta do rio Jacuí e do Guaíba, somada ao vento Sul, preocupa moradores do Arquipélago

Foto: Fabiano do Amaral / Correio do Povo

A chuva persistente e o frio que chegou à região Metropolitana já seriam problemas consideráveis por si mesmos às comunidades que habitam a região das Ilhas, em Porto Alegre. Ocorre que a instabilidade climática está potencializada pelo vento sul, que elevam de forma preocupante os níveis do rio Jacuí e do Guaíba. Por consequência, algumas ruas do bairro Arquipélago voltaram a ser ocupadas pela água.

É o caso da Capitão Coelho, um dos principais acessos da Ilha da Pintada. No início da tarde, casas que sequer receberam limpeza após as inundações de maio e que voltaram a ficar inacessíveis. “Eu ainda nem tirei as coisas estragadas na enchente, é perda de tempo”, entende o aposentado Neri Alves Nunes, 77 anos.

Com a ajuda do vento sul, a água estava em 2,77 metros por volta das 18h desta quarta-feira, de acordo com a régua de medição da Tide Sat instalada na rua Marinheiros. É uma elevação de 18 centímetros em seis horas.

“Tá bem rápido, eu saí para buscar umas coisas e não tinha nada alagado”, afirmou o aposentado Flávio Garcia da Silva, enquanto olhava para a correnteza que arrastava os pertences destruídos pela inundação e descartados na calçada. Ele e os filhos estão em um imóvel alagado, uma vez que a residência da família foi destruída no mês passado.

Ao perceber que a Capitão Coelho voltou a encher, o pescador Carlos Ricardo Rodrigues Oliveira, 52 anos, correu para a rua. Inconformado, ele afirmou não acreditar que a região das Ilhas volte a ser como antes. “Acho que 100%, não volta mais. E enquanto não tirarem a areia do fundo do rio, vamos sofrer”, disse.

Rodrigues e muitos outros pescadores da Ilha da Pintada temem ainda uma demora maior no retorno da atividade que lhes garante o sustento. “Basta ver por aí, tem muita sujeira na água, tem banco de areia por toda a parte”, lamentou.

Em uma casa simples na Presidente Vargas, onde a água também retornou aos pátios, a dona de casa Gislaine Prado da Silva observava os netos, três meninos com idade entre seis e doze anos, brincarem na água, mesmo fria e barrenta. “Ainda tem muita água para vir. Tomara que não, mas a gente fica ressabiada”, relatou Isabel, revelando ainda que gostaria de mudar para outro lugar “qualquer um, desde que seja seguro”, completou.