O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), marcou 106,1 pontos em junho, uma retração de 0,5% em relação a maio. Essa foi a segunda queda consecutiva, descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o índice também apresentou queda de 0,3%, mantendo a tendência negativa observada desde janeiro de 2023.
Apesar de o subindicador de condições atuais – que avalia a economia, o comércio e a empresa – ter recuado 0,4% pelo segundo mês consecutivo, o principal destaque positivo foi o aumento de 1,1% na confiança dos comerciantes, em relação às condições atuais do comércio. Esse aumento reflete um entusiasmo renovado dos empresários em relação ao varejo, impulsionado por indicadores de crescimento do comércio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Contudo, conforme o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o momento é de expectativa para as decisões macroeconômicas dos próximos meses. “Com o freio na queda da taxa Selic, imposto pelo Banco Central, e a incerteza em relação à inflação, o varejo deve adotar movimentos cautelosos no futuro próximo”, afirma Tadros. Ele lembra que a queda do volume do comércio varejista ampliado desperta ainda mais atenção para o momento atual.
Os consumidores corroboram a percepção dos empresários. A pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da CNC revelou um aumento de 0,5% em junho, mas com uma desaceleração no crescimento devido aos desafios no controle da inadimplência.
PESSIMISMO
Houve uma queda de 1,2% no subindicador de expectativas – em relação à economia, ao setor e à empresa – em junho, em relação a maio, a primeira negativa após cinco meses de alta. Conforme o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, a taxa reflete a dificuldade atual dos empresários em relação aos próximos meses. A expectativa em relação à economia apresentou a maior queda, com redução de 2,3% na comparação mensal.
Apesar do mercado de crédito desafiador e da percepção negativa das condições atuais, o indicador de intenção de investimentos foi o destaque positivo, com alta de 0,4% na comparação mensal. Entre os subindicadores que compõem esse indicador, a intenção de investir na empresa cresceu 0,8%, superando os níveis observados no mesmo período do ano passado.
“Diferentemente do que ocorre em relação aos consumidores, o saldo do crédito oferecido para pessoas jurídicas vem diminuindo e a inadimplência das empresas permanece em torno de 3,3%”, explica Felipe Tavares. Segundo o economista-chefe, isso revela que os varejistas estão recorrendo menos a esses recursos por conta da redução ,0de oferta, e não porque precisam amenizar os custos com dívidas, já que a parcela de empresários com dívidas atrasadas não diminuiu.