Moradora do Sarandi perdeu o marido um dia antes de ter a casa inundada: “Na minha idade, ter medo já nem tem mais sentido”

Apesar das dificuldades, Ema Barcelos encontrou conforto na companhia de Atena, sua nova companheira de quatro patas

Ema Barcelos, bairro Sarandi, "Meu marido morreu um dia antes da enchente" | Foto: Pedro Piegas

Em meio aos desafios impostos pela enchente que atingiu Porto Alegre, no mês de maio, Ema Barcelos, moradora do bairro Sarandi, há mais de cinco décadas, recomeça uma nova fase da sua vida. Aos 74 anos, teve que sair de casa por 45 dias e agora, aos poucos, ela retoma uma nova rotina.

“Enfrentar tudo isso aqui é difícil, meu marido morreu um dia antes da enchente. Quando eu sai a água já estava na praça”, lembra Ema, descrevendo a rapidez com que a enchente impactou o bairro.

Sobre o futuro, Ema afirma que está cheia de esperança. “Começar de novo é complicado na minha idade, especialmente sozinha. Mas eu vou conseguir”, afirma. “Na minha idade, ter medo já nem tem mais sentido”, disse observando que não pensa em sair da casa pois a moradia está na família há décadas e é coberta por um valor sentimental incalculável.

“Eu me considero bem, mas de vez em quando eu choro. Não deu para viver o luto ainda”, lamenta. “A minha casa já está habitável, mas ainda faltam muitos eletrodomésticos”, compartilha Ema, refletindo sobre os desafios contínuos de reconstruir não apenas as estruturas físicas, mas também sua vida cotidiana.

Apesar das dificuldades, ela encontrou conforto na companhia de Atena, sua nova companheira de quatro patas, uma mistura de Rottweiler com Pitbull. Atena, adotada após a enchente, tornou-se um símbolo de renovação para Ema, representando seu compromisso de seguir em frente e reconstruir. “Ela faz parte dessa nova vida, do meu recomeço”, diz Ema com um sorriso de esperança no rosto.

Ema também destaca a importância da ajuda pública na reconstrução após a enchente. “Muita gente perdeu tudo, seus bens, seus meios de sustento. É fundamental o apoio para aqueles que não podem se reerguer sozinhos, tem muita gente com depressão”, observa.